O ator Brad Pitt parece ter o mundo a seus pés. Considerado um dos homens mais bonitos do mundo, casado com Angelina Jolie, também considerada uma das mulheres mais bonitas do mundo, ator famoso e podre de rico.
Sua carreira tem sido cada vez mais levada à serio pela critica especializada e desde o filme “Os Doze Macacos”pelo qual recebeu uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante, tem engatado uma longa serie de performances convincentes. Seu filme mais recente, “O Curioso Caso de Benjamin Button”, recebeu muitos elogios e sua atuação confirmou a sua condição de ator de verdade e não apenas de mais um galã canastrão.
Além de tudo, sua vida pessoal parece também ir de vento em popa. Depois de passar por relacionamentos com atrizes famosas como Gwyneth Paltrow e Jeniffer Aniston, Brad mantém uma relação estável com Angelina Jolie já há mais de cinco anos, um bom tempo pelos padrões hollywodianos. Juntos, constituem uma linda familia que já conta com seis filhos, sendo três deles adotados. Que mais ele poderia querer na vida?
Pois é, semana passada Brad Pitt ao dar uma entrevista para um telejornal norte-americano declarou ser ateu. Na verdade o que ele disse quando perguntado sobre se acreditava em Deus foi mais ou menos assim: “não, não… eu acho que sou 20 % ateu e 80 % agnóstico; mas ninguém pode saber ao certo. Acho que todos só vão descobrir quando chegar a hora, e até lá não faz diferença mesmo”.
É preciso dizer que foi uma atitude bastante corajosa, especialmente em um país de maioria cristã conservadora, como os Estados Unidos. Brad sabia bem que seria muito criticado pela declaração que fez, e que certamente haveriam consequências. Tudo bem que o pessoal lá da Califórnia já é conhecido pelo liberalismo e extremismo de esquerda, mas para alguém que depende de financiamentos e patrocinadores para realizar seus projetos artísticos, não é nada bom arrumar briga com a ala conservadora do país.
Só espero que não surjam aqueles grupos radicais propondo boicotes aos filmes dele, ou coisa do tipo. Fica parecendo que quando alguém se declara ateu é como uma ofensa à nós que temos uma crença. Vejo cristão reagindo com raiva, como se a nossa honra tivesse sido atingida. Ateísmo deveria despertar compaixão em nós cristãos e não revolta. Se temos certeza daquilo que cremos, então nada muda saber que há os que não creem e até mesmo desprezam nossa fé. Deveríamos sim estar mais motivados para partilhar o evangelho com essas pessoas.
Até porque Brad Pitt me parece ser uma pessoa de bom caráter. Ele tem se envolvido com muita paixão em causas sociais, como na ajuda às vitimas do furacão Katrina e o combate à fome na África. Também dedica parte de seu tempo à projetos ecológicos e educativos, e parece apoiar as iniciativas de Angelina Jolie nesse sentido. O amor que dedica a seus filhos adotivos é visível. Todos os comentários que leio sobre seus colegas atores e diretores dão conta de que ele é pessoa de ótimo trato e normalmente gentil com jornalistas e fãs.
Agora, esse negócio de ser “20% ateu” não existe; ou se é 100% ou não se é. Não tem meio termo. parece aquela piada do “sou ateu, graças à Deus”. Brad Pitt na verdade é muito mais agnóstico do que ateu. E o agnosticismo é a mais cômoda das filosofias, aquela que diz que “se me provarem que existe, então eu acredito”. Quem se declara agnóstico, pensa que mantém uma porta aberta para Deus, mas na verdade talvez esteja ainda mais distante Dele do que o próprio ateu. O agnóstico erra feio ao achar que Deus pode ser alcançado através do conhecimento, da ciência. O acesso à Deus só se dá através da fé. E se não houvesse a opção de se acreditar ou não em Deus, então a fé não teria sentido, não existiria.
Se Brad Pitt acha que não faz diferença aqui nessa vida decidir sobre a crença em Deus, então esse é o pior de seus erros. Alguém precisa avisá-lo que se ele estiver certo, então nós não perdemos nada; viveremos uma vida de altruísmo e amor ao próximo, da forma como ele mesmo admira e tenta fazer, e se não existir vida após a morte, então nada muda para nós. Mas se nós estivermos certos, então ele é que vai estar em maus lençóis quando “chegar a hora”…
Um abraço,
Leon Neto