Educar sem coagir

Pai sendo beijado pelos filhos
Pai sendo beijado pelos filhos

Em seu texto “Análise de uma fobia em um menino de cinco anos”, no contexto do desenvolvimento psicossexual infantil, de sua relação com o complexo de Édipo e com o complexo de castração, Freud apresenta o caso do pequeno Hans, que desenvolveu uma fobia por cavalos. O autor mostra como os fatores mencionados estão associados a essa patologia.

Freud conversou apenas um momento com Hans,  e todo o tratamento, acompanhamento e observações sobre o caso foram compartilhados com pai de Hans que, junto com Freud, realizou a análise do caso.

Para Freud, na observação das crianças é possível identificar impulsos e desejos sexuais que depois, de maneira distorcida, aparecem na análise de adultos neuróticos:

Seguramente deve existir a possibilidade de se observar em crianças, em primeira mão e em todo o frescor da vida, os impulsos e desejos sexuais que tão laboriosamente desenterramos nos adultos dentre seus próprios escombros — especialmente se também é crença nossa que eles constituem a propriedade comum de todos os homens, uma parte da constituição humana, e apenas exagerada ou distorcida no caso dos neuróticos (FREUD, 1909, p. 16).

Freud orientou os pais a evitar a coerção na educação do pequeno Hans: “…Seus pais estavam ambos entre meus mais chegados adeptos e haviam concordado em que, ao educar seu primeiro filho, não usariam de mais coerção do que a que fosse absolutamente necessária para manter um bom comportamento (FREUD, 1909, p.16)”.

Assim, Hans crescia e evoluía, torna-se um menininho alegre.

Os primeiros relatos sobre Hans começaram quando ele estava com três anos de idade. Ele demonstrava interesse por uma parte do seu corpo que ele costumava chamar de “pipi”. Hans questionou a mãe sobre a existência nela de um “pipi”:

– Hans: “Mamãe, você também tem um pipi?”

– Mãe: “Claro. Por quê?”

– Hans: “Nada, eu só estava pensando”.

Também aos três anos, ao entrar em um estábulo, viu uma vaca sendo ordenhada, e disse:

– “Oh, olha! E está saindo leite do pipi dela”.

A maior parte de tudo que o pequeno Hans nos apresenta aponta para a presença de seu desenvolvimento sexual infantil.

Certa vez expus o ponto de vista de que não havia necessidade de se ficar tão horrorizado por encontrar numa mulher a ideia de chupar o órgão masculino. Argumentei que esse impulso repelente tem uma origem das mais inocentes, de vez que derivava do ato de sugar o seio materno; e, prosseguindo, nessa conexão, o úbere da vaca desempenha papel de importância como imagem intermediária, sendo em sua natureza uma mama e, em sua forma e posição, um pênis. A descoberta do pequeno Hans confirma a última parte da minha asserção (FREUD, 1909, p.17).

Todo o interesse de Hans pelos pipis não era apenas teórico, pois isso o impeliu a tocar em seu membro; sendo assim, o menino passou a querer se tocar constantemente. A mãe, ao vê-lo, com esse comportamento, ameaçou cortar-lhe o pênis, caso continuasse com aquela atitude: “Ameaçou-o com as palavras: ‘Se fizer isso de novo, vou chamar o Dr. A. para cortar fora seu pipi. Aí, com o que você vai fazer pipi?’ Hans: ‘Com meu traseiro.’” (FREUD, 1909, p.17).

Hans respondeu sem ainda possuir nenhum sentimento de culpa, e embora a resposta parecesse não ter culpa, foi nesse momento que se iniciou o complexo de castração. E sobre a significação do complexo de castração na vida de uma criança existe ainda muita coisa importante a ser dita…

(Clique aqui e continue a leitura no artigo: Importância do pai para o desenvolvimento da criança)

Psicóloga Helena Chiappetta

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