Jó, e uma aula sobre o absurdo…

O universo funciona como universo e é regido pelas Leis físicas de causa e efeito. O problema é que o mesmo princípio não se aplica como uma certeza na vivência humana na História.

No universo físico todas as vezes que jogamos para o alto um objeto mais pesado que a camada de ar, ele volta e cai na Terra.

Isto é absoluto.

O mesmo, todavia, não se pode dizer da vida dos homens e nem de nenhuma forma de constância nas produções da História, tanto individual quanto coletiva . E esta é a razão pela qual muita gente tem dificuldade de viver crendo em Deus, pois, na pratica, a experiência humana, nem sempre acontece premiando os bons, com bondade; e os perversos, com o juízo!

Na Terra, é claro!

Manter a fé quando se chega a esta verdade-fato-da-vida significa dar o grande salto, fazer a grande entrega, que é quando o momento-moriá da alma humana acontece e é também quando serve-se a Deus por Deus, ou por nada!

É a impossibilidade de conciliar a idéia da existência de um ser que seja ao mesmo tempo Todo-Poderoso e Todo-Bom, o que aniquila a fé daqueles que pensam mais filosoficamente sobre a vida. Pois, de fato, pode-se crer que há Leis exatas regendo o universo físico (o que nos inspira a crer em Deus), mas a desordem e as injustiças praticadas contra, sobre ou em favor dos humanos, parecem não combinar com a existência de um Deus que seja soberano sobre as coisas visíveis e invisíveis, e que exerça Seu Todo-Poder com Toda-Bondade aqui neste planeta e durante o prazo da existência terrena de todos os humanos!

A grande questão, todavia, é a seguinte: Até que ponto podemos incluir o ser humano nas fronteiras desse universo de Leis exatas?

Ora, nós, os humanos, somos filhos de dois mundos: vivemos no tempo e no espaço; no universo das Leis fixas, e, ao mesmo tempo, somos filhos da liberdade—liberdade de ser; de tentar deixar de ser; de ser contra ou a favor de nós ou de outros; de ser sem admitir que se é; de não ser para poder justificar o ser sem sentido; e, sobretudo, ser contra Deus; ou ser contra a idéia de um Deus que cria um mundo fixo (o universo e suas Leis fixas) e, um outro, feito de animais e humanos, onde a liberdade, a individualidade e a luta pela existência são regras do existir.

Para tais pessoas o único mundo possível em harmonia, é justamente aquele no qual elas dizem não acreditar que tenha existido: o Jardim do Éden—onde natureza e homens existiam em plena harmonia—, antes do tempo em aquele que era um mundo só, fosse partido em muitos pedaços, especialmente nos ambientes de nossos complexos corações.

Ora, para que o absurdo mundo atual faça algum sentido, tem que ter havido aquilo que a Bíblia chama de a Queda! Do contrário, não é possível conciliar a ordem universal com o caos da História humana, e, muito menos ainda, com um Deus que seja Todo-Poder e Toda-Bondade!

A tese de Jó era esta. Ele não entendia o que lhe estava acontecendo, mas negava-se a aceitar o pressuposto de causa e efeito à partir do qual seus amigos o julgavam.
Aqui, é acerca desse questão que estou tratando porque a maioria dos cristãos pensam como os “amigos de Jó.”
Portanto, quero que você saiba que essa tese não resiste um confronto nem mesmo com as verdades da História, conforme ela se deixa “ver”.

E, neste sentido, a melhor resposta histórica que os aderentes da Teologia Moral de Causa e Efeito poderiam receber vem de um dos livros menos lidos, cridos e meditados da Bíblia: o livro de Eclesiastes de Salomão.

Caio

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