O mundo está atordoado com as marcas da violência silenciosa, gestada no anonimato, mas que age com estardalhaço, ceifando indiscriminadamente inocentes indefesos, em escolas, praças e redutos religiosos.
O que aconteceu recentemente em Suzano, São Paulo, e em Nova Zelândia, retrata esse perigo que mora ao lado. Esses agentes do mal, crescem no meio da família, da escola, das instituições religiosas, aparentemente inofensivos. Estão no meio do povo, como um do povo, sem dar qualquer aceno de ameaça à coletividade. Num dado momento, porém, o gatilho do desequilíbrio mental é acionado: Um gesto mal interpretado, uma injustiça sofrida, uma brincadeira de mal gosto, uma frustração amorosa, uma radicalização ideológica, vício virtual ou um preconceito racial ou religioso são suficientes para acionar a mão da violência.
São fatores subjetivos, que desencadeiam todo um processo de desequilíbrio que vai sendo aninhado, perigosamente, no coração, culminando num projeto orientado pela desconstrução dos valores morais e da desvalorização da vida, cujo resultado nefasto é o atentado criminoso contra pessoas inocentes.
Esses monstros sociais são aparentemente pessoas normais. Convivem com a família, com as instituições de ensino, bem como com as entidades religiosas sem serem notados. Estão inseridos no mercado de trabalho. Vivem a vida comum da sociedade com suas esperanças e desencantos. Identificar esses protagonistas da tragédia não é tarefa tão fácil, especialmente porque nossas relações são rasas, superficiais e centradas em nós mesmos. Temos mais amigos virtuais do que reais. Convivemos mais com quem está distante do que com quem mora ao lado. Estamos conectados com amigos que nunca vimos e estamos perdendo contato com aqueles que moram dentro da nossa casa. Ademais, nesse universo virtual são muitas as armadilhas perigosas que estão prontas a capturar pessoas com seus truques sutis ou mesmo com suas ameaças descaradas.
Basta uma mente aberta, sem os freios morais, para que essa caçada seja consumada. Jogos perigosos, violência exacerbada, promiscuidade sem fronteiras, ideologias nocivas, tudo isso, disputa a alma dos incautos, para fazer deles agentes da tragédia.
A família que deveria ser a trincheira dessa vigilância e o território da vitória contra esses ataques, muitas vezes, está desestruturada, sem capacidade de reflexão e sem força moral e emocional para orientação. Não raro, a família tem se tornado a causa principal dessa desestrutura social.
Os sinais do perigo aparecem, mas ninguém nota. E se nota, nada se faz para desarmar essas arapucas da morte. As instituições de ensino nem sempre conseguem detectar esses sintomas. A sociedade, por sua vez, refém da violência, só consegue ver, aturdida, as consequências nefastas das tragédias que se repetem. Repudiamos a violência, mas nem sempre nos posicionamos com firmeza contra suas causas. Gritamos de dor quando somos atingidos, mas nem sempre tomamos medidas cabíveis para evitar novas barbáries.
O que fazer diante dessa amarga realidade? Precisamos de famílias mais saudáveis, de relacionamentos mais profundos, de escolas mais humanas, de instituições mais eficazes e de governantes mais responsáveis.
Precisamos temer mais a Deus e amar mais as pessoas. Precisamos valorizar mais gente do que coisas. Precisamos cultivar mais os relacionamentos reais do que os virtuais. Precisamos trabalhar mais pela paz do que pela guerra. Precisamos cuidar mais da nossa própria família, para que ela seja lugar de vida e não instrumento de morte. Precisamos do evangelho de Cristo, o único instrumento eficaz para transformador o homem e a sociedade.
Rev. Hernandes Dias Lopes