UM BREVE COMENTÁRIO SOBRE O TEXTO: “A VIDA SEXUAL DOS SERES HUMANOS”, de Freud – Conferência XX – Vol. 16

O despertar da sexualidade
O despertar da sexualidade

Na sociedade da época de Freud, as crianças eram privadas de demonstrar sexualidade. Os adultos eram educadores severos no que se referia à sexualidade infantil. Freud vê a libido como uma força do instinto sexual e cita como exemplo as crianças que dormem após mamarem, comparando o orgasmo no adulto como uma repetição da experiência infantil. Fazer o gesto de mamar (sucção sensual) ao dormir fala de uma satisfação. Freud afirma que:

Constatamos, todavia, como um bebê repetirá o ato de tomar alimento sem exigir mais comida; a isto, portanto, o bebê não é levado devido a fome. Descrevemo-lo como sucção sensual, e o fato de que, ao fazê-lo, o bebê adormece, igualmente como uma expressão beatífica, mostra-nos que o ato da sucção sensual lhe proporcionou, por si só, uma satisfação. Conforme sabemos muito cedo, as coisas chegam a um ponto em que não pode adormecer sem haver sugado. (pág 318)

Freud atribui essa descoberta da sucção sensual ao Dr Lindner. Segundo ele, os bebês começam com a mamada no seio a sentir prazer. O prazer está na mamada, depois elas separam e entendem que o prazer não está obrigatoriamente ligado ao seio. A zona erógena agora é a boca. Foi mamando que a boca foi se tornando erogenizada. Quando o bebê mama está satisfazendo de uma só vez duas grandes necessidades: alimento e prazer. Isso explica as fixações na fase oral, se elas serão perversas ou não. Se forem perversas, haverá uma troca no adulto do órgão genital pelo seio. Já no neurótico dará origem ao transtorno alimentar (anorexia e bulimia). A sucção do seio é o ponto de início para toda a vida sexual. A partir da relação com o seio, irão se definir todas as outras relações objetais. O bebê abandona o seio e investe em si, em partes do seu corpo, como por exemplo, sugando o dedo. Freud constata que

A princípio, contudo, o bebê, em sua atividade de sucção, abandona esse objeto e o substitui por uma parte do seu próprio corpo. Começa a sugar o polegar ou a própria língua, desse modo, torna-se independente do consentimento do mundo externo, no que tange à obtenção de prazer, e, ademais disso, aumenta-a, acrescentando a excitação de uma segunda área de seu corpo. (pág 319)

O lactente passa da sucção à masturbação, pois a libido percorre o corpo se espalhando pelas zonas erógenas. A sexualidade migra da sucção para os órgãos do corpo, comportando-se de maneira autoerótica, principalmente nas áreas genitais, por isso a criança descobre a masturbação. Diz Freud:

Ao formarmos esta opinião referente à sucção sensual, já passamos a conhecer duas características decisivas da sexualidade infantil. Ela surge ligada à satisfação das principais necessidades orgânicas e se comporta de maneira autoerótica – isto é, procura seus objetos no próprio corpo da criança. (pág 320)

O bebê tem satisfação na hora de urinar e defecar, pela excitação da mucosa assim como era na boca pela mamada. Então afirma Freud:

O que ficou demonstrado tão claramente com relação à tomada de alimentos repete-se, em parte, com as excreções. Concluímos que os bebês têm sensações prazerosas no processo de evacuação da urina e das fezes, e que logo conseguem dispor destes atos de maneira que estes lhes tragam a máxima produção de prazer possível, através das correspondentes excitações das zonas erógenas da membrana mucosa. (pág 320)

 

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