O chamado do Evangelho só não é megalomaníaco porque Jesus de fato ressuscitou dos mortos. Do contrário, a oferta do Evangelho seria inconcebivelmente constrangedora, de tal megalomaníaca que ela é.
Aliás, tudo em Jesus é assim. Afinal, somente a divindade de Jesus pode salvá-Lo de sua mais total megalomania.
O fato é que se dizemos que Jesus é Deus, por assim crermos de coração, então, o que seria megalomania, agora é divindade.
Entretanto, diante de Jesus temos apenas duas opções: ou “O” vemos como Deus ou o vemos como o Doido; pois, somente Deus poderia dizer o que Jesus disse sem ser megalomaníaco, um doido, ou melhor: o Doido dos doidos.
Mas se Ele é Deus, então, o que seria megalomania é agora Promessa de Deus sobre os homens.
Veja algumas delas:
1. O Cordeiro é a “Oferta” pela Criação antes de haver qualquer coisa criada. Por isto, a criação nasceu sob o signo da Graça, e se culminará na Graça, conforme a imagem arquetipica da Nova Jerusalém, na qual até os que vêm de fora encontram nas folhas da Árvore da Vida a sua cura.
2. O segundo Adão é maior que o Primeiro, pois, este foi feito Daquele e os malfeitos deste não podem ser maiores que os bem-feitos Daquele. Assim, se Jesus é maior que Adão, então a Graça é maior que a Queda; do mesmo modo que Aquele que é espírito vivificante é maior do que aquele que é apenas alma vivente.
3. A Fé é maior que as Obras, pois, sem fé não há obras de fé; e sem fé é impossível agradar a Deus por nenhuma obra.
4. A Promessa é maior que a Lei, pois, veio antes dela e permaneceu após a extinção daquela.
5. A glória da Lei é desvanecência ante a glória da Graça: por isto Moisés cobria o rosto com véu; e nós tiramos o véu do rosto para crescermos de glória em glória.
6. O Ministério do Espírito é maior que o Ministério da Lei, pois, este gera a morte e aquele produz vida.
7. A Misericórdia é maior que o Juízo, pois, este é sem misericórdia; Deus, porém, ama mais a misericórdia que o juízo.
8. A Justificação é maior que a Justiça, pois, esta se faz exercer como direito adquirido pelo homem, e aquela como direito imputado por Deus.
9. A Palavra é maior que a Escritura, posto, que já existia antes de qualquer coisa haver sido escrita.
10. O Invisível é maior que o Visível, pois, este decorre daquele e existe dentro do que não aparece.
11. A Revelação é maior que a Razão, pois, esta é um sistema e aquela é uma Graça não-sistêmica; portanto: aberta ao infinito.
12. O Homem é maior que a Lei, pois, esta foi feita para o bem daquele, e não aquele para o bem desta.
13. O Amor é maior que Tudo, pois, Deus é amor; e sem amor nada do que foi feito tem qualquer significado.
14. O Homem é mais velho que a Mulher, pois, esta foi tirada daquele. Assim, o homem é maior na idade, mas depende dela no tempo, posto que é nascido de mulher.
15. A Mulher é mais refinada que o Homem, mesmo ele sendo a coroa da criação, pois, o homem é a glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem.
Sendo assim, vale perguntar:
1. Por que será que os cristãos sempre dão mais valor ao que é inferior e não àquilo que é superior?
2. Não será porque nossa escolha revela nossa pequenez e nosso assombramento ante as coisas excelentes?
3. Ou será medo de ser feliz?
Sim! Tente responder, pois, somente você mesmo pode explicar por que ante tanta certeza, esperança, graça e amor, sua alma prefere o pânico, o medo, as incertezas, as dúvidas e as confusões de uma jornada na qual primeiro Deus cria, depois se esfola para concertar; na qual a Graça é sempre menos forte na consciência que a Lei da morte; na qual tudo de mal é mais forte que tudo de bom; na qual o pecado vence a Cruz; na qual o diabo vence a Jesus; na qual o Velho desbanca o Novo Eterno; na qual Adão é maior que o Salvador; na qual a Serpente vence o filho da mulher que lhe pisa na cabeça; na qual cada maldição da Queda é guardada como herança moral e honrada; na qual a Escritura é maior que a Palavra; na qual o Sábado das tradições humanas é maior que o homem sem nome; e na qual, digo nessa jornada, tudo o que se escolhe é contra nós mesmos, mesmo em face da oferta do Evangelho e mesmo ante o olhar de Graça do Cordeiro eterno.
Pense nisto; e, se você identificar que em você tem sido assim, pergunte: De onde vem esse espírito de morte, que só me impulsiona a escolher o pior?
Sim! Barre esse espírito de morte e de medo do que é bom, e que lhe está oferecido como todo bem no Evangelho da Vida.
Caio