Apartamento de luxo, móveis de rico, carrões e flagra com dinheiro escondido são alguns dos escândalos que contrastam com o espírito franciscano do papa Francisco.
Bem-vindo o papa Francisco, esse jesuíta com espírito franciscano. Que sua palavra e sobretudo seu comportamento inspirem a cúpula católica no Rio a encenar menos escândalos. Nos últimos anos, descobriu-se que o sacerdote guardião da chave do cofre da Arquidiocese comprara para a Igreja um apartamento de 500 metros quadrados, debruçado sobre a baía de Guanabara; mobiliara uma sala com móveis típicos de bacana; e adquirira dois automóveis Jetta, um deles para uso próprio. Boa parte da ostentação foi bancada pelas abençoadas doações dos fiéis. O padre caiu em desgraça, e se esperava que o sucessor acabasse com a farra. Até que ele foi flagrado no aeroporto tentando embarcar com uma dinheirama.
A vida nababesca do padre Edvino Alexandre Steckel foi revelada em maio de 2009 pelo repórter Fernando Molica. Em abril daquele ano, houvera a troca de comando na Arquidiocese do Rio, com a saída de Dom Eusébio Scheid e a chegada de Dom Orani Tempesta. Na gestão de Dom Eusébio, Steckel assumira a função designada por um palavrão, ecônomo, que vem a ser o administrador dos bens da Igreja.
O padre Edvino desembolsou R$ 2,2 milhões da Igreja pelo apartamento de luxo, que deveria receber Dom Eusébio em suas viagens ao Rio _o arcebispo emérito fora morar longe da cidade. O valor de mercado hoje do imóvel no Morro da Viúva é de aproximadamente R$ 5 milhões, estimando o metro quadrado em R$ 10 mil. Quando o jornal “O Dia” publicou o furo, estavam em curso reformas.
O ecônomo encomendou dois Jetta zero quilômetro, modelo na casa dos R$ 70 mil. Um para seu uso, outro para o de Dom Eusébio. Só por um sofá o padre pagou R$ 21.200, apurou Molica. No total, esbanjou R$ 14 milhões em despesas desnecessárias ou injustificadas.
O dono do cofre deixou o cargo, e o monsenhor Abílio Ferreira da Nova o substituiu. Em setembro de 2010, o sucessor foi preso no aeroporto Tom Jobim tentando embarcar para Portugal com uma quantia em euros equivalente a R$ 117 mil. Como não tinha autorização para transportar tanto dinheiro, foi preso e indiciado por evasão de divisas.
As primeiras ações do “hermano” Bergoglio como papa procuram dar o exemplo de uma vida monástica. Aqui no Rio, ele recusou mordomias que lhe ofereceram para a viagem próxima. Encarando inimigos mais parrudos, iniciou uma limpa no Banco do Vaticano, que às vezes mais se assemelha a uma casa mafiosa.
A Igreja Católica tem defendido, como muitos não cristãos, a justeza dos gastos públicos na visita de Francisco, pois o papa é chefe de Estado. Seria importante que os recursos oriundos da venda dos bens adquiridos nos tempos de Dom Eusébio também ajudassem a arcar com as despesas da Jornada Mundial da Juventude.
[b]Fonte: UOL[/b]