Foi-se o tempo em que os comunistas eram ateus. Hoje, eles fazem o sinal da cruz quando passam em frente às igrejas e muitos não dispensam um “aleluia” entusiasmado nos cultos evangélicos.

Foi-se o tempo em que os comunistas eram ateus. Hoje, eles fazem o sinal da cruz quando passam em frente às igrejas e muitos não dispensam um “aleluia” entusiasmado nos cultos evangélicos. Essa mudança de comportamento tem rendido alianças importantes ao pequeno PCdoB, hoje com aproximadamente 200 mil filiados no país.

No Distrito Federal, por exemplo, o pré-candidato a governador Agnelo Queiroz, ex-ministro do Esporte, recebeu grupo de 15 pastores quando se apresentou para concorrer ao GDF. No Rio de Janeiro, o senador Marcelo Crivella (PRB), integrante da Igreja Universal do Reino de Deus, trabalha aliança com a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). “Essa história de preconceitos acabou”, comenta o presidente do PCdoB, Renildo Calheiros.

Renildo conta que, no Rio, as conversas estão adiantadas. “Temos conversado com Crivella, que gostaria de ter a deputada Jandira como senadora em seu palanque”, diz. Ele não descarta a aliança, mas afirma que o projeto prioritário é com o PT e, como há a verticalização, talvez não seja possível o PCdoB se coligar ao PRB de Crivella. Mas, no que se refere a diferenças religiosas, nada impediria a coligação. “Não existe referência à religião ou até mesmo ao ateísmo no estatuto do partido”, diz Renildo.

A relação dos comunistas com os evangélicos vai desde os movimentos sociais e se prolonga no Parlamento. Foi assim, por exemplo, que se deu a aproximação de setores da Assembléia de Deus no Distrito Federal com Agnelo. “Nossa relação aqui é política, sem preconceitos religiosos. São militantes e pastores ligados a partidos políticos que, assim como no passado, apoiaram Cristovam Buarque e hoje estão com Agnelo”, comenta o vice-presidente do PCdoB no Distrito Federal, Messias José de Souza, que coordena a pré-campanha do partido ao GDF.

A receptividade é recíproca. O coordenador da frente parlamentar evangélica no Congresso, deputado Adelor Vieira (PMDB-SC), por exemplo, lembra empolgado que os comunistas “também são cristãos” ao ressaltar o sucesso das parcerias cada vez mais constantes com os seguidores da cartilha Marxista. Apesar de destacar que os políticos-pastores não têm partido constituído, Vieira aposta na comunhão entre os dois blocos em boa parte dos estados nas eleições deste ano. “Essas alianças entre nós e os comunistas são feitas em nome de interesses políticos comuns. O PCdoB é um dos partidos que, nos últimos anos, mais se aproximaram de nós. Na hora de defender melhorias e brigar por ideais que beneficiem o país, as divergências religiosas são deixadas de lado”, comenta.

Não é de hoje que os evangélicos se convertem em aliados de primeira hora do PCdoB. Algumas afinidades chegaram a entrar para o folclore político. Além de se juntar a um grupo de orações à época da disputa pela presidência da Câmara, o então candidato Aldo Rebelo (PCdoB-SP) — apelidado pelos colegas de “comunista do Senhor” — chegou a pedir “pelo amor de Deus” a dois colegas que parassem uma briga no plenário da Casa. “Aldo Rebelo é nosso irmão. E até nos pediu uma bíblia”, elogia Vieira.

Fonte: DE BRASÍLIA.COM

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