Culto em um templo da Igreja Universal
Culto em um templo da Igreja Universal

Jamil Chade
Colunista do UOL

O Conselho Mundial de Igrejas apela a pastores, religioso e fieis que não promovam cultos públicos neste domingo, num esforço para impedir a proliferação do coronavírus.

O grupo, que reúne protestantes, ortodoxos e anglicanos, representa mais de 550 milhões de cristãos em mais de 120 países.

O alerta ocorre no momento em que a OMS não disfarça sua preocupação diante da insistência de religiosos de manter suas igrejas abertas, na América Latina, África e mesmo na Ásia.

As igrejas neopentecostais não fazem parte do Conselho Mundial. No Brasil, o pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, chegou a ensaiar uma resistência contra as medidas que ordenavam a proibição de eventos públicos. Na sexta-feira, ele acabou suspendendo os cultos de suas igrejas. Mas criticou as restrições impostas.

Já o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, minimizou a epidemia e declarou durante a semana que essa era”mais uma tática de Satanás”.

Neste sábado, num comunicado, o secretário geral do Conselho de Igrejas, Olav Fykse Tveit, e a moderadora da entidade, Agnes Abuom, alertaram que o momento é de dar “máxima prioridade a fazer o que pudermos para proteger a vida”. Os representantes, portanto, “pedem às igrejas que não façam cultos públicos amanhã, pois isso pode se tornar centros de transmissão do vírus”.

Tveit e Abuom também indicaram que as igrejas precisam reconsiderar sua forma de trabalhar.

“Devemos também estar particularmente conscientes de que exatamente o que normalmente fazemos, em comunidade, é o que não devemos fazer agora se quisermos proteger a vida””, disseram.

“Valorizamos a união na adoração e na comunhão cristã. Mas neste tempo de crise, e por amor uns aos outros e ao próximo, não devemos nos reunir em grande número, se é que devemos, nem tocar ou abraçar uns aos outros”, indicaram.

“Este é um momento para tocar o coração um do outro, pelo que dizemos, pelo que partilhamos, pelo que fazemos – e pelo que não fazemos – para proteger a vida que Deus tanto ama”, alertaram. “Nesse amor, devemos adaptar nossos modos de adoração e comunhão às necessidades deste tempo de pandemia, para evitar o risco de nos tornarmos fontes de transmissão em vez de meios de graça”, disseram.

Michael Ryan, diretor de operações da OMS, havia lançado o alerta na sexta-feira para que lideranças religiosas assumissem a responsabilidade de rever suas formas de comunhão.

No caso do Conselho Mundial de Igrejas, o alerta é para que pastores e religiosos sigam as “recomendações práticas oferecidas pelas autoridades de saúde intergovernamentais e governamentais para ajudar a proteger os vulneráveis em nossas comunidades e em outras”.

Fonte: Jamil Chade – colunista do UOL

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