Simon (nome fictício por motivos de segurança) é um cristão que atua na Coreia do Norte há mais de 30 anos. Ele é um colaborador da Portas Abertas e revelou como está a situação dos cristãos por lá.
O país esteve no topo da Lista Mundial da Perseguição durante 20 anos seguidos e, em 2023, voltou a ocupar a 1ª posição. Somente em 2022, a Coreia do Norte deu lugar ao Afeganistão.
De acordo com Simon, os agentes secretos norte-coreanos já tentaram capturá-lo várias vezes, mas não conseguiram. Ele explica que aquele que insiste em seguir a Cristo é considerado “inimigo número 1 do Estado”.
‘Ser torturado por ser cristão é o mínimo’
O colaborador conta que, no começo de 2022, um grupo de cristãos que estava se reunindo há algumas semanas foi denunciado por um espião: “Imediatamente a polícia prendeu e matou todos eles”.
“Ser torturado durante meses na prisão é o mínimo. A maioria dos cristãos é enviada para campos de presos políticos e poucos sobrevivem aos trabalhos forçados, outros são executados”, revelou.
“A igreja só está sobrevivendo pela graça de Deus”, disse Simon ao explicar que a pressão sobre os cristãos aumentou ainda mais depois da Lei do Pensamento Anti-Reacionário.
Sobre a Lei do Pensamento Anti-Reacionário
A nova lei da Coreia do Norte proíbe o contato com qualquer material estrangeiro e considera um crime grave possuir uma Bíblia.
Por isso, cristãos encontrados com Bíblias e outras literaturas cristãs, impressas ou em aparelhos eletrônicos, são presos imediatamente.
A lei passou a prevalecer a partir de 2021 e pune qualquer pessoa que reaja contra o governo ou que se oponha às mudanças propostas pelas autoridades.
Pensamentos e produtos externos são expressamente proibidos na Coreia do Norte. Esse é o tipo de lei que tira o mínimo da liberdade que a Igreja clandestina poderia ter ao organizar seus cultos e reuniões de oração.
Para o governo, o termo “reacionário” aponta para pessoas que se posicionam contra o espectro político de esquerda, no caso, o comunismo e a ditadura.
‘Eles louvam sussurrando’
Agora, segundo Simon, todos estão tomando o dobro de cuidado, apenas os próprios familiares sabem que eles são cristãos. “Eles louvam sussurrando e as Bíblias ficam escondidas”, conta Simon.
Os pais não contam sobre a fé às crianças pequenas para evitar que sejam descobertos pelo governo. “Se uma delas recitar um versículo bíblico na escola ou cantarolar um hino de louvor, toda a família é condenada”, destacou.
“Por isso, muitos esperam que eles estejam mais velhos para que saibam manter a fé em segredo”, ele acrescentou.
Como evangelizar num ambiente assim?
“Nós temos abrigos na China. Ajudamos e discipulamos quase 100 mulheres norte-coreanas que viviam na China como vítimas do tráfico humano”, explica Simon.
“Temos um programa de rádio que está frutificando. Transmitimos aconselhamento para pais cristãos e sermões bíblicos”, ele continua.
Apesar dos enormes desafios, o cristão disse que Deus tem abençoado a igreja norte-coreana com a provisão de que precisam.
“Ele nos dá muitas bênçãos. Nossa oração é para que Deus abra portas para que a igreja secreta continue unida e crescendo. Precisamos de ajuda em intercessão por nossa equipe e contatos. Ore para que os cristãos secretos norte-coreanos não sejam encontrados pelas autoridades”, pediu ao concluir.
Fonte: Guia-me com informações de Portas Abertas