Um relatório da Radio Free Asia (RFA) apontou casos de abusos dos direitos humanos praticados contra cristãos na China. Segundo o documento, as vítimas são detidas em “instalações móveis e secretas de transformação” para que renunciem à fé.
Sob o pseudônimo “Li”, um cristão chinês contou que foi mantido preso durante dez meses pelo Departamento de Trabalho da Frente Unida do Partido Comunista Chinês (PCC), depois de um ataque contra a sua igreja ter sido conduzido pelo governo.
– Era uma instalação móvel, que poderia ser instalada em algum porão em algum lugar. A equipe era composta por pessoas de vários departamentos governamentais diferentes. Ele tinha seu próprio grupo de trabalho do Comitê de Assuntos Políticos e Jurídicos (do PCC), e eles visavam principalmente aos cristãos que são membros de igrejas domésticas – relatou.
Ele disse ainda que foi “espancado, abusado verbalmente e torturado mentalmente” pelas autoridades comunistas.
Um caso parecido já tinha sido registrado em vídeo por um repórter da BBC. Autoridades chinesas deixaram o jornalista visitar uma de suas instalações de “educação do pensamento”.
– Um policial da minha vila me disse para me matricular na escola “e transformar meus pensamentos” – falou um dos jovens diante das câmeras.
Lavagem cerebral
De volta ao relatório da RFA, foram reportadas “sessões de lavagem cerebral no porão” para o “crime” de participação em atividades de igrejas.
– Eles ameaçam, insultam e intimidam você. Eram funcionários da Frente Unida, homens, mulheres, às vezes não identificados, geralmente à paisana. A polícia faz vista grossa a isso. Você tem que aceitar a declaração que eles preparam para você”, disse ele. “Se você se recusar, será visto como tendo uma atitude ruim, e eles vão mantê-lo detido e continuar batendo em você – disse Li.
As instalações de “transformação do pensamento” são usadas quando o infrator não fez nada para justificar a acusação de um processo criminal. Eles são enviados para locais onde poderão “ter seus pensamentos reconectados”.
O autor da denúncia falou ainda sobre a rotina no local em que esteve preso.
– Havia dois policiais à paisana no meu quarto e um policial uniformizado em outro quarto. […] Não havia janelas, nem ventilação, nem tempo para banho de sol. Eu recebia apenas duas refeições por dia, que eram levadas ao quarto por uma pessoa designada.
Segundo ele, prisioneiros que se recusam a “admitir seus erros” são mantidos em confinamento por períodos prolongados.
– Não há limite de tempo para o processo de lavagem cerebral. Não sei há quanto tempo alguém fica detido lá, mas fiquei detido por oito ou nove meses. Você não pode ver o sol, então você perde toda a noção do tempo.
Li disse que não demora muito para que um detento pense que a morte é a melhor opção. Após experimentar tortura física e mental, pensamentos de automutilação e suicídio surgiram rapidamente.
O relato virou notícia em jornais que se dedicam a denunciar perseguição religiosa.
Fonte: Pleno News