O governo de Daniel Ortega, na Nicarágua, anunciou o fechamento de cerca de 1.500 organizações não governamentais (ONGs), nesta segunda-feira (19), sendo a maioria com vínculos religiosos. A decisão foi publicada no diário oficial e justificada pela falta de prestação de contas financeiras das ONGs, que variam de um a 35 anos.
Todos os bens das organizações serão confiscados pelo Estado. A iniciativa marca um novo episódio na crescente tensão entre o governo e as entidades religiosas no país.
Essa medida ocorre em meio a uma crescente onda de perseguições religiosas que tem causado preocupação na comunidade internacional. Desde dezembro de 2023, pelo menos 13 sacerdotes, incluindo um bispo, foram presos na Nicarágua.
A advogada Martha Molina, especialista em questões da Igreja nicaraguense, relatou que desde 2018, a Igreja Católica no país sofreu 740 ataques, com 176 sacerdotes e religiosos sendo expulsos ou impedidos de retornar. “Podemos considerar este último ano como o mais violento para a Igreja no último quinquênio”.
Desde que Ortega começou a enfrentar intensos protestos populares em 2018, mais de 5 mil organizações foram fechadas. A decisão de segunda-feira também reflete o endurecimento do governo em relação às organizações religiosas, com entidades ligadas principalmente à Igreja Católica denunciando a perseguição a párocos e líderes opositores.
Desde 2018, a relação entre a Igreja Católica e o governo de Ortega tem se deteriorado. Naquela época, o presidente acusou os líderes religiosos de apoiar os opositores durante os protestos, que resultaram em mais de 300 mortes, conforme relatado pela ONU.
Além das tensões internas, o governo da Nicarágua enfrenta também conflitos diplomáticos, incluindo a recente expulsão do embaixador brasileiro Breno Souza da Costa. Em retaliação, o governo brasileiro expulsou a chefe da embaixada nicaraguense em Brasília, Fulvia Patricia Castro Matus, exacerbando ainda mais a relação entre os dois países.
Fonte: Comunhão