Uma diocese californiana da Igreja Episcopal dos Estados Unidos decidiu, em votação histórica neste sábado, se separar da igreja depois de anos de divergências em relação aos direitos de mulheres e gays.
Representantes clericais e leigos da Diocese Episcopal de San Joaquin, em Fresno, Califórnia central, decidiram deixar a igreja, que vem enfrentando dissidências desde 2003, quando seus fiéis norte-americanos consagraram seu primeiro bispo gay.
A votação pela separação teve 173 delegados a favor e 22 contra, muito mais do que os dois terços necessários.
Na dissidência dos últimos anos, a Igreja Episcopal disse que 32 de suas 7.600 congregações deixaram a igreja, com outras 23 decidindo por deixar em votação, mas não chegando a tomar as medidas finais. San Joaquin foi a primeira diocese entre as 110 da igreja a se separar completamente.
No ano passado, a Diocese de San Joaquin —que tem 8.800 membros e 47 igrejas— decidiu, em votação em sua convenção anual, se separar da igreja, mas a decisão final foi adiada até a reunião deste sábado.
“Esta é a primeira vez, acredito, que a uma diocese finalmente disse ”basta” para a teologia liberal da Igreja Episcopal”, disse o bispo John-David Schofield, da diocese de San Joaquin. As divisões e cismas sempre estiveram presentes no Cristianismo desde seus primeiros anos, mas a expressão de diferenças pela mídia e pela Internet em questões sociais polêmicas como direitos dos gays e de mulheres colocaram essas disputas —antes debatidas a portas fechadas— em grande proeminência.
Em anos recentes, a Igreja Episcopal enfrentou dissidências na ordenação do bispo Gene Robinson, de New Hampshire, e o casamento gay praticado por algumas congregações.
Também há divergências quanto ao papel da mulher. San Joaquin é uma entre três dioceses dos EUA que não ordena pastoras. A Igreja Episcopal dos EUA é comandada por uma mulher, a bispa Katharine Jefferts Schori.
Igreja da elite
Com 2,4 milhões de membros, a Igreja Episcopal representa menos de 1 por cento da população do país, mas seus membros têm uma influência desproporcional na vida política e social dos Estados Unidos.
Figuras históricas como George Washington, Benjamin Franklin e Thomas Jefferson eram episcopais. No século 20, Franklin Roosevelt, George H.W. Bush (pai do atual presidente) e Gerald Ford também seguem a fé episcopal.
Fonte: Reuters