Bandeira da Turquia
Bandeira da Turquia

O caso do pastor americano Andrew Brunson, que ficou preso por dois anos na Turquia, desencadeou um aumento no discurso de ódio contra a pequena comunidade cristã do país.

Líderes cristãos da Turquia afirmam que há um “clima de insegurança” nos indivíduos e nas igrejas.

De acordo com o relatório anual de direitos humanos de 2018 da Associação Turca de Igrejas Protestantes, o número de ataques que incitavam o ódio aos cristãos “simplesmente por causa da sua crença” nos meios de comunicação locais e nacionais do país aumentaram durante a prisão de Brunson.

O relatório disse que as 150 igrejas protestantes do país acompanharam de perto o caso do pastor Brunson e foram incomodadas com a prática comum da mídia de associar igrejas e cristãos com organizações terroristas, sem dar nenhuma prova ou evidência. Pelo contrário, acusações de falsas testemunhas contra Brunson foram tomadas como verdadeiras.

Publicações locais e nacionais se recusam a conceder a igrejas e indivíduos caluniados seu direito constitucional de resposta.

Embora o governo tenha promulgado uma Lei de Proteção de Dados Pessoais, durante o caso de Brunson, a mídia turca publicou nomes, detalhes pessoais, fotos e atividades específicas da igreja em um contexto negativo, afirmou o relatório.

O membro de uma igreja cristã foi acusado por um jornal de circulação nacional de apoiar uma organização terrorista após ter visitado uma igreja na cidade de Van. Ele teve seu nome e o nome de sua empresa publicados abertamente, o que levou a uma perda de contratos da empresa.

Cristãos não têm seus direitos preservados

Cristãos das cidades de Diyarbakir, Mardin, Izmir e Manisa tentaram uma ação judicial contra a “propaganda traiçoeira”, ligada ao caso do pastor Brunson, contra suas igrejas e líderes, diz o relatório.

Mas as autoridades ou se recusaram a investigar ou não puniram os acusados. O relatório também reiterou os vários casos de problemas não resolvidos que a igreja protestante turca enfrentou na última década.

Como exemplo, a dificuldade de estabelecer lugares de culto e restrições legais para a realização de seminários ou outros tipos de educação religiosa formal para crenças não muçulmanas. Eles apontaram também a ausência de um caminho legal para a obtenção de uma identidade como congregação religiosa.

O governo não convida a comunidade cristã ou seus representantes para encontros de grupos religiosos que organiza. Além disso, o governo não reconheceu, ainda, a Associação de Igrejas Protestantes, formada em 2009.

Outro fator apontado pelo relatório é que membros estrangeiros de igrejas cristãs residentes em Istambul, Izmir, Mersin e outras cidades foram deportados ou tiveram a reentrada no país negada em 2018, enquanto outros receberam notificação para deixar o país em dez dias, após terem renovação do visto negada.

Das 150 igrejas protestantes existentes no país (mais concentradas em Istambul, Ankara e Izmir), apenas dez têm um prédio oficial – a maioria deles prédios históricos. Há cerca de 25 igrejas domésticas que não são legalmente reconhecidas.

A nota positiva é que em 2018 uma igreja teve aprovação para formar uma fundação religiosa e outra está no processo, esperando aprovação.

Fonte: Portas Abertas

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