O arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Dom Eusébio Oscar Scheid, aproveitou a cerimônia do Auto da Paixão de Cristo, em que atores representam a crucificação de Jesus, para combater a legalização do aborto e a proposta de plebiscito em torno da questão.
“Pedimos a todas as mães que, pelo amor de Jesus, nunca queiram matar um filho. Não podemos permitir a matança de inocentes como quer este projeto infeliz. Que jamais seja aprovado.”
No momento do seu apelo, no palco montado nos Arcos da Lapa para uma platéia de 10 mil pessoas, que ontem à noite assistiu à encenação, Maria recebia no colo o corpo de Cristo morto. Horas antes, em entrevista, dom Eusébio disse não considerar o aborto passível de legalização: “O direito à vida é um direito natural, não um direito a ser legalizado.”
Ele classificou ainda como “idéia infeliz” alguém pensar em atentar contra a vida. “Até a ciência, os psicólogos, já provaram que a vida humana existe desde o início da gestação”, disse. “E cessa apenas com a morte natural”, acrescentou.
Temporão
O cardeal não quis, entretanto, responder se pretende tratar do assunto com ministro da Saúde, o carioca José Gomes Temporão, principal defensor da realização de um plebiscito nacional sobre o aborto. “Eu tenho uma comissão para examinar este assunto”, afirmou. A proposta do plebiscito foi aprovada esta semana pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
“Hoje, acentuei a causa pela qual Cristo morreu: ele destruiu a morte e nos deu a sua paz”, disse. “Uma paz que não é feita de acordos, conchavos ou contratos, mas que brota do próprio amor de Deus em todo o momento da vida”, completou. “Paz para todos, até para os que têm a infeliz idéia de atentar contra a vida.”
Fonte: Agência Estado