Em meio às investigações e aos ataques da imprensa, o bispo José Bruno, agora responsável pela direção da Igreja Renascer em Cristo, cujos fundadores, o apóstolo Estevam e a bispa Sônia Hernandes, foram condenados à prisão pela justiça dos EUA, afirma em entrevista exclusiva a Eclésia: “Estão dizendo muita bobagem sobre nós”.

A Igreja Apostólica Renascer em Cristo continua sob fogo cruzado. Não bastassem as acusações de lavagem de dinheiro, estelionato e sonegação fiscal, a recente condenação do apostolo Estevam Hernandes Filho e de sua esposa, a bispa Sônia, à prisão pela justiça dos EUA por entrarem no país com US$ 56 mil não declarados, novas denuncias surgiram recentemente.

Primeiro, de que uma conta conjunta do casal e da filha, Fernanda, no Wachovia Bank, na Flórida, teria recebido quase US$ 2 milhões ilegais nos últimos 5 anos. Depois, de que o patrimônio da família seria de pelo menos R$130 milhões. Além de tudo isso, o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, determinou a abertura de inquérito contra o ex-deputado estadual Geraldo Tenuta, o bispo Gê, por suspeita de contratação de funcionários fantasmas durante o seu mandato. Verdadeiras ou falsas, é inegável qualquer coisa que seja dita a respeito da igreja ganha destaque desproporcional nos meios de comunicação, levantando um velho debate: afinal, existe perseguição contra os evangélicos?

Para discutir a questão e falar sobre a real situação da Renascer, a revista Eclésia ouviu o bispo José Antonio Bruno, atual responsável pela direção da igreja. Deputado estadual em São Paulo pelo Democratas, o engenheiro Bruno, 41, está na Renascer desde1991. Conheceu o evangelho ainda adolescente, após a mãe praticamente ressuscitar durante uma delicada cirurgia. Depois de alguns anos na igreja batista, foi para Renascer quando montou a banda resgate.

A carreira musical lhe valeu projeção, mas na hierarquia interna da igreja ele foi subindo aos poucos. Foi líder de jovens, diácono, professor da escola de formação de obreiros, a Escola de Profeta, e pastor. Conquistou a confiança dos Hernandes, aliando o carisma a uma imagem de responsabilidade e dedicação. Agora, em meio a tantos problemas, enfrenta seu maior desafio: conduzir a igreja em meios a tantos problemas. Mas isso não o assusta. Bruno garante que a Renascer continua crescendo, e mostra a fé de que, brevemente, os fundadores estejam de volta e com a inocência comprovada. Assim, não se descuida de seu trabalho parlamentar. Tem atuado junto a programas sócias, como o Expresso da Solidariedade, que distribui alimentos a pessoas carentes que vivem nas ruas e comunidades e em projetos de ajuda a dependentes de drogas e álcool, como a Casa de Recuperação e o Grupo de Apoio a Usuários e Familiares (GAUF). Porém, o que mais chama sua atenção, está se desenrolando em Brasília, onde está sendo analisada no Senado Federal, a “Lei da Homofobia”, que pune como crime qualquer manifestação que expresse discriminação ao homossexualismo. “Sou contra qualquer tipo de discriminação, mas estão querendo tira a liberdade de opinião daqueles que pensam diferentes. Uma coisa é discriminar, outra, discordar”, alerta Bruno.

Confira abaixo a entrevista concedida à Revista Eclésia:

Nos últimos meses, o senhor tem estado à frente da Igreja Renascer. Como está sendo esta experiência?

Eu já estava próximo e trabalhava junto aos nossos líderes espirituais, o apostolo Estevam e a bispa Sonia. Aprendi muito com eles e agora estou vendo que fui preparado durante todo aquele tempo pelo Senhor para esta nova etapa. Mas, mais importante é perceber que tudo que tem acontecido está sendo usado por Deus para se transformar em bênção para o seu povo e para que novas vitórias sejam alcançadas em Sua obra. E, por tudo isso, tenho plena certeza de que estou fazendo um trabalho de filho para seu pai, como diz o apostolo Paulo, pois sei que logo teremos nossos lideres de volta. E nesse dia vamos te uma grande celebração.

Como a Igreja está enfrentando este período sem o apóstolo e a bispa?

N verdade, não estamos sem eles. Em quase todos os cultos, a bispa Sonia prega lá e transmitimos para cá. A mesma coisa já acontecia no primeiro semestre com o apóstolo. No que diz respeito a vida orgânica da denominação, estamos igualmente em contato permanente, fazendo sempre reuniões pela internet. O apostolo nos envia todas as Palavras e temas de nossas campanhas. Ou seja, eles continuam acompanhando tudo de perto, guiando. A única coisa que não dá para superar mesmo é a saudade que fica.

Os meios de comunicação estão noticiando que a igreja enfrenta uma grave crise, muitas divisões, perda de fieis, queda na arrecadação e fechamento de templos. Esse quadro é real?

De forma alguma é verdade, enfrentamos uma provação, mas a igreja está mais forte e mais unida. Isso fica claro quando realizamos encontro de líderes. É gratificante ver pessoas aguerridas e cheias de amor. Pastores dedicados e compromissados. Nossa última Santa Ceia, realizada no Ginásio do Corinthians, foi a maior de nossa história, superlotando o espaço com mais de 12 mil pessoas presentes. Nesse dia, 824 novos obreiros foram consagrados ao ministério e ungidos 3 novos bispos. São novos diáconos presbíteros e pastores. Foram eleitos para suprir necessidades, porque a igreja está crescendo. Recentemente, tivemos a gravação de nosso Cd e DVD do Renascer Praise, e nossa sede na Avenida Lins de Vasconcelos, em São Paulo, estava cheia. Deus operou poderosamente neste dia. Alem disso, continuamos com nossos eventos. Este ano, a Marcha para Jesus bateu novo recorde de publico em São Paulo. Ainda tem o nosso encontro nacional de Jovens, o Projeto Amar, e o SOS da Vida.

A condenação do apóstolo e da bispa não fez com que a igreja perdesse fiéis?

A imprensa secular está falando muita coisa sobre nós. E muita bobagem também. Quem dera nossa arrecadação fosse tudo aquilo que eles disseram ser. O problema é que estão buscando informações em fontes que não tem aceso a elas e passam dados incorretos. A dinâmica da igreja, na realidade, continua na mesma. Claro,sempre temos templos fechando. Assim como temos novos espaços sendo abertos. Isso não depende da cúpula, mas é fruto de nosso sistema, baseado na evangelização pelos pequenos grupos. É um trabalho que fica a cargo do Grupo de Crescimento e Desenvolvimento e não pára, pois tem uma vida própria. Agora, é muito fácil você tirar uma foto em final de culto no meio da semana e dizer que o número de membros está caindo. Só que isso nunca corresponderá a realidade.

O senhor acredita que esteja havendo uma perseguição dos grandes meios de comunicação à Renascer e também aos evangélicos em geral?

Não há um movimento, mas assim como existem pessoas sérias e honestas, há também aqueles com outros interesses, que só querem denegrir e perseguir. É como um certo ditado: posso não acreditar em bruxas, mas que existem, existem.o problema é que parta da imprensa que fazer o papel de fórum realizando um pré julgamento.eles trazem informações de fontes sem credibilidade, que ninguém sabem quem são ou de onde vem e dão status de verdade absoluta ao que elas dizem. Isso, não só com questões relacionadas aos evangélicos. Na política e no judiciário também. Hoje quando leio um jornal, não aceito como verdade aquilo que ali foi publicado. Procuro mais informações em outras fontes também. Mas sei que a grande maioria da população não tem condições de fazer isso e acaba manipulada. Já vimos muitas histórias assim neste país. Num momento o sujeito é o salvador da pátria, o caçador de marajás, o jovem que mudará os rumos da nação. No outro, é um corrupto, sem projeto e só merece o impeachment. Não conseguimos superar todos os resquícios da ditadura. Ainda há no Brasil ditadores, mas que não usam farda. O Brasil precisa amadurecer, ainda mais o evangélico, pois tem sido o maior prejudicado.

Porque o senhor considera o evangélico mais prejudicado?

Porque em nosso meio os ataques são planejados e tem prejudicado a igreja como nunca. Temos exemplo as ultimas eleições para os cargos legislativos federais. O numero de deputados evangélicos eleitos foram a metade do numero daqueles que compuseram a bancada da legislação anterior. E porque? Porque quando estourou o escândalo dos sanguessugas e depois o do mensalão, todos os dias a imprensa ligou os envolvidos aos parlamentares evangélicos. Foi feita a denuncia e todos investigados. Mas quantos evangélicos estavam de fato envolvidos? Um ou outro, talvez bem menos do que de outras religiões. Mas aí, o estrago já tinha sido feito. Aquelas primeira notícias rodaram e o povo não votou. Agora, está em discussão no Congresso a Lei da Homofobia, que praticamente funciona como um cala-boca naqueles que discordam do homossexualismo, como a Igreja Evangélica, mas não temos ninguém para realizar o debate lá. Não temos mais como fazer frente a esse tipo de iniciativa porque aquele movimento, que não é um mero preconceito contra o crente, mas uma estratégia inteligente de barrar o crescimento e a influência dos evangélicos, venceu.

Inclusive, mesmo sendo deputado em São Paulo, travar este debate parece ser uma de suas prioridades, não?

Sem dúvida. Temos uma moção tramitando aqui na assembléia Legislativa, de repúdio a Lei da Homofobia. Mas mais importante do que aprová-la e enviá-la ao Senado, é estimular o debate e jogar luz na discussão. Sou contra qualquer forma de discriminação, seja ela de sexo, raça, cor ou credo. Mas é preciso resguardar a liberdade de expressão daqueles que são contra o homossexualismo. Ao meu ver, esta proposta da lei é vaga e dá margem a uma série de arbitrariedades. Por exemplo, diz que é crime proibir a livre expressão de manifestação de afetividade do cidadão homossexual, bissexual e transgênero. Então, se estiver em local público, seja um shopping center ou até um templo, e dois homossexuais ou duas lésbicas estiverem se acariciando ou se beijando, não posso dizer nada, preciso ficar calado? Isso já é um absurdo. Por outro lado, a lei também fere a liberdade das instituições religiosas e seus estatutos como proíbe qualquer prática discriminatória e limitativa para o acesso ao emprego ou sua manutenção de forma muito vaga, se um pastor se disser homossexual, sua igreja poderá ser obrigada a aceitá-lo nessa condição e não poderá fazer nada. Ainda que isso vá contra suas convicções e orientações da Bíblia. Mesmo fora da igreja permitirá que qualquer pessoa possa dizer que foi demitida por causa de sua opção sexual, mesmo que não existam provas concretas disso. O que as lideranças evangélicas estão fazendo em relação a este projeto? Veja, não sou contra a existência de uma lei, mas ela deve ser clara e não dar margem a uma série de interpretações. Aqui em São Paulo, há diversos projetos que entrarão discussão nesses próximos meses para esclarecer a questão. Além disso, eu e meus colegas temos usado a tribuna para estimular a discussão. Também temos participado de programas de televisão com pastores como o Silas Malafaia e procurado a mídia evangélica. Também estamos em constante contato com deputados federais cristãos e com os senadores Magno Malta e Marcelo Crivella, sempre realizando e promovendo debates abertos. Não vejo minha igreja discriminado pessoas e, se isso acontecesse, seria o primeiro a corrigí-la. Mas também não quero que ela seja proibida de oferecer uma oportunidade de libertação de algo que, tenho certeza, não vem de Deus.

Há outros projetos em discussão na Assembléia

Claro, tenho me dedicado intensamente ao meu mandato. Posso isso, como já disse, porque a igreja está caminhando bem. Hoje, meu projeto mais importante em tramitação dá autorização ao estado pra dar como perdido, vendendo ou destruindo um automóvel apreendido por qualquer motivo, que permaneça mais de seis meses em pátios públicos. Com isso, você fecha uma porta que atualmente está escancarada para o crime, que não poderá adquirir estes veículos e usá-los em desmanches ou na venda de peças roubadas. Também tenho projeto que determina que o transporte e acondicionamento de alimentos hortifrutícolas seja feito em embalagens plásticas, laváveis e retornáveis, evitando assim contaminação e transmissão de doenças e um outro que obriga as empresas de produtos derivados do tabaco a manter hospitais e pagar tratamento para portadores de enfermidades causadas pelo fumo, coisa que é uma tendência mundial.

Biografia

Filho de pai italiano e mãe mineira, José Antonio Bruno, mais conhecido como Bispo Zé Bruno, é um típico paulistano nascido na região do Ipiranga no final da década de 60.

Casado com Blanche Bruno, é pai de 3 filhos: Lucca, Vitória e Guilherme.

Numa família de 2 filhos (tem um irmão que se chama Jorge Bruno), Zé Bruno teve uma infância saudável e alegre, onde as brincadeiras mais comuns eram empinar pipa, brincar de bolinha de gude e jogar futebol na rua (nessa época nasceu a sua paixão pelo Palmeiras, cultivada até hoje, mas é claro que agora com bem menos fervor e tempo).

Já na adolescência, influenciado pelo pai que tocava sanfona e a mãe que cantava, teve despertada a curiosidade pela música, descobriu nessa fase o violão e passou a fazer aulas.

Era o final dos anos 70. Embalado pelas bandas de rock que faziam sucesso nessa época, partiu para novas experiências musicais e decidiu que queria tocar guitarra.

Logo veio a sua conversão ao evangelho e no início dos anos 80, surgiram as primeiras participações, ainda discretas, cantando e tocando no grupo de louvor da igreja.

Até que em 1989, ao lado do seu irmão e outros 2 amigos resolveu formar a banda Resgate.

De lá para cá, já se passaram mais de 15 anos e, a banda Resgate se consolidou como um dos expoentes da música gospel nacional com 8 CD’s gravados, 1 DVD ao vivo e alguns discos de ouro na carreira. A banda ficou carinhosamente conhecida como a maior banda de bispos do Brasil, referência feita de forma bem humorada pelo fato de ser a única banda formada por 4 bispos.

Além do Resgate, Zé Bruno é compositor, músico, cantor e produtor do grupo de louvor Renascer Praise, coordenador do SOS da Vida Gospel Festival, considerado um dos maiores da América Latina.

Atuando como vice-presidente da Fundação Renascer ajudou a desenvolver e a consolidar inúmeros programas sociais como o ‘Expresso da Solidariedade’, que distribui refeições nas regiões mais pobres das grandes cidades do país, as ‘Casas Lar Abrigo de Crianças e Idosos’, o ‘Gauf’, que dá assistência ao usuário de drogas e à família, o ‘Centro de Recuperação de dependentes químicos de Santana do Parnaíba’, que é uma referência nacional no tratamento de toxicômanos, entre tantos outros projetos implantados pela Fundação Renascer em todo o Brasil.

É bispo primaz da Igreja Apostólica Renascer em Cristo e, dirige a regional Santana que responde pela supervisão de 17 igrejas em São Paulo, 2 em Curitiba, 1 em Porto Alegre e mais 2 nos Estados Unidos.

É responsável também pelo Centro de Formação de Pastores e palestrante titular da Arepe, entidade que abriga mais de 2000 associados que são empresários e profissionais liberais.

Tem ministrado palestras motivacionais que falam sobre ‘Vida profissional’, ‘Relacionamentos interpessoais’, ‘Organização no Trabalho’, ‘Desafios do Jovem para ingressar no mercado de trabalho’, entre outros temas.

Apresenta os programas ‘Escola de Profetas’ pela rádio Gospel FM e ‘Espaço Renascer’ pela Rede Gospel de Televisão.

Atuou diretamente na implantação e coordenação do Projeto de alfabetização ‘Aprendendo com a Bíblia’, em parceria com o governo federal e, também no Projeto Educacional do Centro de Heliópolis, com cursos profissionalizantes voltados para as comunidades carentes da região.

Sempre atento aos problemas relacionados aos jovens, pretende formatar políticas públicas juntamente com a iniciativa privada no intuito de combater um dos grandes males da sociedade moderna que são as drogas, enfatizando a prevenção, recuperação e reintegração à família, à sociedade e o reingresso do indivíduo ao mercado de trabalho.

Foi eleito deputado estadual por São Paulo com expressivos 73.968 votos em 2006 e, assumiu seu primeiro mandato na Assembléia Legislativa Paulista no dia 15 de março de 2007.

Fonte da entrevista: Revista Eclésia – Edição 120 (www.eclesia.com.br)

Fonte da biografia: Site do deputado José Bruno (www.bispozebruno.com.br)

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