A pobreza e a discriminação social não são fatores determinantes nos casos de infecção com HIV, assegura James Shelton, da Agência para o Desenvolvimento Internacional dos EUA, em artigo publicado no último número da revista médica britânica “The Lancet”.

Esta afirmação, junto a outras nove, faz parte de um decálogo que o especialista americano dedica a crenças “errôneas” que se a maioria da população tem sobre a doença, por causa do Dia Mundial de Combate à Aids, 1º de dezembro.

O vírus da aids (HIV) “é paradoxalmente mais comum nas pessoas ricas do que nas pobres – talvez porque a riqueza facilita a possibilidade de dispor de vários parceiros sexuais simultâneos”, comenta Shelton no artigo.

“Assim acontece no Zimbábue, onde o HIV se reduziu sem grandes melhoras no nível de pobreza e discriminação, apesar das dificuldades econômicas e sociais que subsistem”, acrescenta.

O especialista concentra o artigo em desmentir vários mitos sobre a aids. Um terço da população de sete dos países mais ricos do mundo admite saber “nada ou muito pouco” sobre a doença, segundo uma pesquisa apresentada nesta quinta-feira na sede das Nações Unidas.

Diante da crença generalizada de que o HIV se espalha como pólvora, Shelton diz que a cada ano só se contaminam 8% dos que têm por parceiro heterossexual alguém infectado pelo vírus.

“No entanto, a epidemia na África parece ser uma clara conseqüência de casais simultâneos, ou seja, múltiplos parceiros sexuais regulares que permitem a rápida propagação das novas infecções”, justifica.

Neste sentido, o analista diz que a aids não é um problema só de homens: “Enquanto o comportamento dos homens contribui para potencializar a epidemia, estes não são os únicos responsáveis, pois é preciso também mulheres” no caso do contágio por práticas heterossexuais.

“Uma pesquisa feita com os casais do Quênia em 2003 revela que 3,7% deles eram formados por dois infectados com o HIV, enquanto em 4,6% dos casos era a mulher a portadora contra 2,8% no qual era o homem”, diz.

Fonte: EFE

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