Débora Diniz, disse que o uso da TV deveria ser mais democrático porque se trata de um serviço de concessão pública concedido pelo Estado laico.

A transformação de denominações pentecostais e neopentecostais em “religiões eletrônicas”, com presença crescente nas TVs e emissoras de rádio, representa uma ameaça à liberdade de credo e à de expressão, afirmou a antropóloga Débora Diniz (foto), autora do livro “Laicidade e Ensino Religioso no Brasil” (112 págs., editora Letras Livres, R$ 20).

[img align=left width=300]http://4.bp.blogspot.com/-Nd7KQf617KQ/T1UheNL-zLI/AAAAAAAAVc4/VfoGBwRykj4/s320/Debora+Diniz.jpg[/img]Ela argumentou que, como a maioria da população brasileira vê TV aberta, o que acaba sendo imposto é a pregação de um único credo, em detrimento das outras, colocando mais ainda à margem religiões de matriz afro-brasileira, como o candomblé e a umbanda.

Diniz afirmou que o uso da TV deveria ser mais democrático porque se trata de um serviço de concessão pública concedido pelo Estado laico. Mas o que ocorre na prática, disse, é que alguns grupos de comunicação estão ganhando muito dinheiro com a venda de horários a igrejas milionárias. Além disso, algumas organizações religiosas acabam tendo os seus próprios canais de TV.

“O público fica sem alternativa e sem acesso à informação de qualidade e, consequentemente, sem ferramentas para a formação de opinião”, disse.

Para ela, a hegemonia nos meios eletrônicos da pregação evangélica tem propagado ideias conservadoras, fortalecendo, em decorrência, a intolerância religiosa.

“Existe um favorecimento ao cristianismo, que oprime e impede que as minorias religiosas e as organizações não religiosas dedicadas à difusão de uma cultura de tolerância ocupem espaços e tenham voz”, disse a antropóloga ao iG.

Um levantamento feito em meados de 2011 pela Folha.com mostrou que as igrejas estavam ocupando 140 horas por semana dos canais de TVs de sinal aberto.

Recentemente, essa carga horária aumentou com a compra pela Igreja da Graça de Deus, do missionário R.R. Soares, do espaço no horário nobre da Rede TV! por mais de R$ 6 milhões mensais. A denominação já detém o horário nobre da Band.

[b]Fonte: Paulopes[/b]

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