O polêmico projeto de lei que concede a anistia a militares e policiais acusados de violação aos direitos humanos, promovido pela Comissão de Defesa do Congresso peruano, não só foi criticado por representantes do Estado e da sociedade civil, mas também por líderes representativos da comunidade evangélica peruana.

Um dos primeiros a se pronunciar foi o diretor executivo do Conselho Nacional Evangélico do Peru (Conep), Víctor Arroyo. Ele demonstrou preocupação quanto à obstinação de alguns setores políticos em promover esse tipo de iniciativa. Segundo ele, a medida atenta contra os direitos dos cidadãos atingidos pela violência política.

Arroyo disse que “a impunidade pretendida com este projeto de lei representa uma agressão contra essas pessoas, revelando a incoerência existente entre um discurso que põe ênfase na modernidade, e uma prática que recorre a evasivas para dotá-la de princípios válidos para todos os cidadãos”.

O diretor executivo do Conep lembrou que aproximadamente 1 mil pastores e líderes de igrejas evangélicas foram vítimas da violência no período compreendido entre 1980 a 2000. Em memória dessas pessoas, Arroyo recusou, em nome do Conep, a proposta de impunidade, por considerá-la “carente de ética” e por desnaturalizar “o sentido real da reconciliação”.

O diretor nacional da Associação Paz e Esperança, Alfonso Wieland, sustentou que propostas como esta pretendem “confundir as coisas” no momento em que são revelados novos casos de crime de lesa humanidade, a exemplo de Putis, e que não estão sendo investigados.

O diretor de Paz e Esperança afirmou que o Ministério da Defesa e os institutos armados do país negaram-se a oferecer informação sobre o caso de Putis, localidade onde foi encontrada, em junho passado, fossa com mais de cem corpos desaparecidos. Wieland insistiu para que o Congresso da República investigue estes fatos.

O projeto que torna impunes violadores de direitos humanos no período de chumbo no Peru foi encaminhado ao Parlamento pelo legislador do Partido Aprista, Edgar Núñez. O projeto consiste em criar uma comissão ad hoc responsável por avaliar, no prazo de 120 dias, os processos judiciais não resolvidos que envolvam militares e policiais em crimes de lesa humanidade.

Fonte: ALC

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