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Signo dos novos tempos, o presidente do Conselho Nacional dos Evangélicos da França, Etienne Lhermenault, esteve presente pela primeira vez na cerimônia de posse de um presidente francês, Emmanuel Macron, no último 14 de maio no Palácio do Eliseu. “Eu estava ao lado dos representantes dos muçulmanos, dos católicos, dos judeus, da Federação Protestante da França e dos budistas”, felicitou-se Etienne Lhermenault, presidente do Conselho Nacional dos Evangélicos da França (CNEF), em entrevista ao jornal Le Monde desta segunda-feira (22).

Outro motivo de satisfação, segundo o jornal, é o fato do primeiro-ministro escolhido pelo novo presidente francês ser Edouard Phillippe, prefeito do Havre (norte do país), bastião histórico da religião evangélica na França. “A nomeação de Edouard Phillippe é um bom sinal para nós, ele sabe quem somos”, declarou Lhermenault a Le Monde.

“Desconhecidos, espalhados sob diversas denominações, diversificados, acusados por suas práticas exuberantes, suspeitos de derivas sectárias, os protestantes evangélicos colhem enfim os frutos de sua busca por reconhecimento”, publica o jornal francês, que continua: “o funcionamento [da igreja evangélica francesa] se faz sem barulho, mas sua vitalidade pode ser conferida nas estatísticas – segundo o CNEF, o número de evangélicos nas grandes cidades se multiplicou por dez desde 1950, contabilizando hoje 500 mil praticantes regulares”.

“Durante os anos 90 e 2000, o evangélico era percebido [na França] como um estúpido à la George Bush Jr; hoje ele é visto como um africano animado”, afirma o presidente do CNEF ao jornal. “O resultado é que nós somos ainda percebidos como uma espécie de seita”, reclama o pastor Franck Lefilattre. “Você tem que estar pronto a receber diversos nãos”, conta o também pastor Samuel Foucachon, que tentou diversas vezes abrir sua própria igreja perto da região de Marselha (Sul) e Bordeaux (Sudeste).

“Houve um caso onde chegaram a nos dizer: ‘se aceitarmos sua socilitação, perdemos a prefeitura’. Cada um deve se virar por si próprio”, conta Foucachon a Le Monde. Alguns teatros de Paris chegam a alugar suas salas para grupos evangélicos, para aumentar suas receitas mensais, detalha o jornal.

[b]A prioridade é evangelizar os muçulmanos
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“Para o diabo a abordagem frontal, como fazem os Testemunhos de Jeová”, descreve Le Monde. “Isso não dá certo!”, afirma ao jornal o pastor David Brown, presidente da Comissão de Evangelização do Conselho Nacional dos Evangélicos da França (CNEF). “Nada também de distribuição de santinhos ou propaganda. Os franceses consideram a religião como um assunto privado e não querem ser catequizados em locais públicos”, explica Brown. “A mesma coisa com os missionários americanos. Antes bastante presentes em território francês, agora eles são cada vez mais raros. A importação de práticas ‘made in USA’ nunca fez muito sucesso na França”, analisa o vespertino.

Os métodos mudam, mas o objetivo – “totalmente descomplexado” – continua o mesmo. “Entre os evangélicos, desde que você é batizado, você deve começar a evangelizar”, explica a Le Monde o sociólogo de religiões Jean-Paul Willaime. Segundo o jornal, esta evangelização é hoje feita por meio de ações sociais e humanitárias (lojas de comércio igualitários, apoio escolar, alfabetização, luta contra as drogas e o alcoolismo etc) e das redes interpessoais, como vizinhos, amigos e família. “Sem esquecer uma receita de sucesso, emprestada dos católicos carismáticos: a multiplicação dos cultos à noite, rápidos e festivos, destinados aos jovens ativos”, afirma Le Monde.

“Evangelizar a França é uma prioridade… começando pelos muçulmanos”, descreve o jornal, que classifica a decisão como “um assunto delicado, mas um projeto explícito”. Os bairros populares e periféricos são claramente identificados como “terras missionárias”, afirma Le Monde. “Mas não se pode colocar o carro na frente dos bois”, afirma o presidente do CNEF, para quem “é preciso avançar [na evangelização] com prudência”.

Le Monde conta ainda que os muçulmanos já convertidos pelos evangélicos preferem não contar que o fizeram, por medo de serem isolados por seus grupos sociais. “Para evitar problemas com os amigos, muitos muçulmanos se convertem escondido”, declarou ao jornal o pastor Belkacem Germouche, que acaba de montar um grupo chamado “Alleluia North Africa”, onde encontros inter-religiosos são bem-vindos.

No leste de Paris, uma igreja evangélica acolhe, duas vezes por semana, cerca de trinta mulheres muçulmanas para cursos de alfabetização, conta Le Monde. “Mesma coisa no caso dos migrantes muçulmanos, que a igreja vai buscar lá onde estiverem, longe ou em La Chapelle”. “Hoje em dia, não é porque você nasce numa família muçulmana que somos muçulmanos”, avalia Karim Arezki, presidente da Associação de cristãos do norte da África, criada em 2003. “Eles sabem que nós queremos evangelizar e nós sabemos que eles querem converter ao Islã”, resume Arezki.

[b]Fonte: RFI[/b]

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