A Igreja Católica do Equador adverte aos candidatos do segundo turno da eleição presidencial: não evocareis mais o nome de Deus em vão.

O homem mais rico do país, Alvaro Noboa, e o esquerdista Rafael Correa disputam no final de novembro quem será o oitavo presidente do Equador em uma década. Ambos agitam Bíblias e posam para fotos em igrejas nos seus eventos de campanha. Noboa chega a evocar Deus para curar eleitores doentes.

“Não me importa que candidato está fazendo mais isso. Ninguém está autorizado a usar o nome de Deus para propósitos políticos”, disse Néstor Herrera, presidente da conferência episcopal equatoriana, na segunda-feira à Reuters.

Desde que os dois candidatos conquistaram o direito de disputar o segundo turno na semana passada, a Igreja Católica –instituição mais respeitada do país– vem convocando entrevistas coletivas e divulgando notas pedindo a Noboa e Correa que parem de mencionar Deus e usar símbolos religiosos em suas campanhas.

Noboa, que ficou rico exportando bananas, e Correa, ex-ministro da Economia, são católicos praticantes e se gabam disso.

Noboa sempre vai a comícios exibindo um crucifixo pendendo de um cordão de prata no peito, e agita uma Bíblia enquanto reza no palanque. Em visitas a favelas, o empresário distribui cadeiras de rodas e pede a Deus que cure seus potenciais eleitores.

“Como um paladino do lado de Deus, estou aqui com a Bíblia na mão, e mais forte do que nunca”, disse Noboa ao registrar sua terceira candidatura à Presidência, em agosto.

Correa não vai tão longe nas demonstrações de fé, mas gosta de ser fotografado rezando em igrejas e se considera “cristão de esquerda”. Como católico, rejeita o aborto e a união homossexual, e durante a juventude foi voluntário de um grupo pastoral que dava aulas a indígenas.

“Sendo o Catolicismo tão arraigado nestes países )latino-americanos), ele se torna um modo fácil de os candidatos sinalizarem que têm os mesmos valores de seus eleitores”, disse Daniel Erikson, analista da entidade Diálogo Interamericano, de Washington.

O venezuelano Hugo Chávez costuma segurar um crucifixo para dizer que Deus está do seu lado. Daniel Ortega, ex-líder comunista da Nicarágua, agora candidato à Presidência, se reaproximou da Igreja e recentemente se casou no religioso.

Correa não deixou de usar o nome de Deus na sua campanha, mas também incluiu o demônio. Quando Chávez comparou em setembro, na ONU, o presidente dos EUA, George W. Bush, ao diabo, o candidato equatoriano disse que Lúcifer ficaria ofendido com a comparação.

Fonte: Reuters

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