Filha de pastor, aos 15 anos, era uma adolescente comportada que interpretava músicas de inclinação cristã. Aos 23, está entre as cantoras mais populares dos EUA, para indignação de religiosos -e de alguns grupos homossexuais.

Dona de um visual pin-up retrô, Katy Perry causou polêmica com “UR So Gay” e alcançou o topo das paradas com “I Kissed a Girl” -esta última ficou no primeiro lugar da Billboard (EUA) por sete semanas (hoje está em quarto); no Reino Unido, a canção lidera a lista dos singles mais vendidos há três semanas.

Pop rock que não ficaria fora do lugar na voz de Alanis Morissette ou de Avril Lavigne, “UR So Gay” traz Perry tirando sarro de um garoto metido que usa mais maquiagem do que ela (veja letra ao lado). No refrão, dispara: “Você é tão gay/E você nem gosta de garotos”.

O site The New Gay considerou a faixa homofóbica e afirma que “é hora de Katy Perry parar de falar bobagem”. Já Jane Czyzselska, editora da revista inglesa “Diva”, de temática lésbica, em artigo no jornal inglês “Guardian” escreveu que “a música de Perry é um antídoto contra a avalanche de canções supersexuais sobre garotos dando em cima de garotas”.

À Folha, por telefone, Perry comenta a polêmica: “Essas pessoas não entendem o contexto da canção. Fiquei surpresa com a falta de humor… Parece que todos querem se sentir ofendidos. Ficam assustados com qualquer coisa que não seja politicamente correta”.

Tanto “UR So Gay” quanto o hit “I Kissed a Girl” (em que Perry diz sentir atração por uma garota) estão em “One of the Boys”, segundo disco dela.

“Sempre disse o que penso, não me censuro. Garotas podem entrar num bar, olhar para um cara, aí ele quer pagar um drinque. Mas ele está usando mais maquiagem que você, e aí você fica confusa… “Em que time ele está?”.”

Filha de pastor, ela começou a cantar em coral gospel. Em 2001, lançou o primeiro disco, que entra na categoria pop cristão. O título do álbum: “Katy Hudson”, o nome de batismo dela. Mudou para Katy Perry para não ser confundida com Kate Hudson, a atriz.

A radical mudança na carreira de Perry foi motivada em grande parte pelo seu trabalho com os produtores The Matrix (que gravaram com Britney Spears e Korn), em 2004.

Pouco depois, foi ouvida por executivos do selo Capitol (de propriedade da EMI), que assinaram com a cantora. “Já cantei músicas gospel, sim. Tenho fé, acredito em Deus, acredito que haja algo muito maior do que nós”, afirma. “Mas minha perspectiva mudou um pouco.” Essa mudança irritou setores cristãos dos EUA, que não aprovam Perry cantar que beijou outra garota.

Apesar de comparada a Alanis e Lily Allen, sua maior influência é Freddie Mercury.

“Era um letrista maravilhoso, disse coisas originais, que faziam sentido para mim. E fazia com que tivesse vontade de viver os personagens que ele criava nas letras. Me ensinou a ser quem eu sou sem ter que me desculpar com ninguém.”

E é fã, também, de “Lolita” -não o clássico de Nabokov. “Sou uma graaaaande fã do filme com Jeremy Irons… Meu Deus, é meu filme favorito”, vibra, sobre o longa dirigido por Adrian Lyne em 1997. “Tenho fascinação por mulheres que são sexy, elegantes e inocentes ao mesmo tempo.”

Trecho De “UR So Gay”, de Katy Perry

Eu espero que você se enforque com seu cachecol H&M Enquanto se masturba ouvindo Mozart Você reclama, fala mal de Los Angeles Desejando que você estivesse na chuva lendo Hemingway (…) Você não come carne E dirige carros elétricos Você curte tanto indie rock, é quase uma arte Você precisa de protetor solar 45 só para ficar vivo Você é tão gay E você nem gosta de garotos Não, você nem gosta (…) Não acredito que me apaixonei Por alguém que usa mais maquiagem do que eu

Fonte: Folha Online

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