A família de um metalúrgico, que tem o tipo mais grave de leucemia, a mileóide A, tenta impedir que o rapaz receba transfusão de sangue porque pertencem à religião Testemunhas de Jeová, que não aceita esse tipo de tratamento. Ministério Publico deu prazo de 5 dias para que o médico responsável realize o procedimento.

O Ministério Público teve de intervir para que o metalúrgico Joaquim Raimundo de Lima Neto, 23, receba tratamento médico adequado. Ele tem o tipo mais grave de leucemia, a mileóide A, diagnosticada no dia 12 de novembro.

O problema é que a mãe e três tios maternos tentam impedir que o rapaz receba transfusão de sangue porque pertencem à religião Testemunhas de Jeová, que não aceita esse tipo de tratamento. O promotor de justiça Isaac Benchimol sinalizou um prazo de cinco dias para que o médico responsável realize o procedimento. O quadro clínico do rapaz é gravíssimo e ele está internado em uma clínica particular.

Na sexta-feira, a denúncia foi encaminhada ao MP pelo médico Yuri Vasconcelos, pelos irmãos paternos do rapaz e pela tia dele, Shirley Adriana Alves, 50, psicóloga. Sem a transfusão de sangue, Joaquim não pode fazer quimioterapia.

O irmão de Joaquim, Fernando Antônio Borges de Lima Filho, 36, pastor, foi na manhã de ontem ao hospital com o mandado de segurança do MP e com as bolsas de sangue para o procedimento. Mas, segundo ele, Joaquim já teria mudado de idéia e vai assinar um termo de responsabilidade de que não quer fazer a transfusão de sangue. “O que eu podia fazer, eu fiz. Sou evangélico, a gente não pode usar sangue de animais, não nada a ver com transfusão”, lamenta.

O promotor explica que em casos como este, a decisão do tratamento independe da vontade do paciente, mesmo sendo maior de idade, porque é caso de vida ou morte. Na segunda-feira, Joaquim teria admitido a familiares que deseja fazer a transfusão de sangue. “Ele olhou nos meus olhos e disse: ‘eu quero viver’”, relata a tia. Isaac Benchimol ressalta que a religião não se sobressai à vida humana. “Não quero correr o risco de o Joaquim morrer por falta de tratamento”, diz o promotor.

“A mãe dele diz que ele será curado por Jeová, não pelos recursos médicos. Ele não pode morrer por causa de um grupo de meia dúzia de fanáticos”, enfatiza Shirley. “Não tem argumento que os convença. Foi quando a mãe dele disse que a única opção é o óbito que decidimos denunciar. Eu disse a eles que estão fazendo papel de Deus, e não sou cúmplice desse assassinato.”

Familiares contaram que ontem a mãe tentava impedir a transfusão no apartamento onde Joaquim está internado. Se ela transpuser as barreiras, o caso pode se tornar de polícia.
As testemunhas de Jeová têm fortes restrições quanto ao uso de sangue na medicina e na alimentação, que é uma das mais controversas posições da religião. Os fiéis acreditam que a transfusão de sangue é proibida pela lei divina.

Fonte: Hoje Noticias

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