O ex-bispo católico Fernando Lugo apresentou ontem sua candidatura formal à Presidência do Paraguai, com o apoio da aliança oposicionista Concertação Nacional.

Líder nas pesquisas de intenção de voto, Lugo, 56, afirmou que, caso vença em 2008, o Paraguai “não será um paraíso”, mas deixará de ser “o país da máfia”.

“Vamos superar este Estado fracassado que temos hoje, que não garante a igualdade de oportunidades, não protege as pessoas nem suas propriedades nem impõe o cumprimento da lei”, destacou, em discurso de 15 minutos na cidade de Coronel Oviedo (centro), citado pelo jornal “Ultima Hora”.

Vários setores, porém, questionam a legalidade da participação de Lugo na corrida eleitoral, já que o ex-bispo não foi completamente desligado pela Igreja Católica e sua candidatura violaria a Constituição.

Se vencer as eleições, Lugo porá fim a seis décadas de domínio do partido Colorado no Paraguai. Sua vitória traria repercussões ao Brasil: uma das principais bandeiras do ex-bispo é a revisão do acordo sobre a usina hidrelétrica de Itaipu, a respeito do qual ameaçou levar Brasília à Corte Internacional de Justiça de Haia.

Fator Oviedo

Lugo poderá enfrentar uma disputa acirrada caso se firme a intenção do ex-general Lino Oviedo de concorrer à Presidência. Libertado na última quinta-feira da prisão depois de cumprir a metade de uma pena de dez anos por rebelião, Oviedo, 63, do partido Unace, está em segundo nas pesquisas e ameaça dividir a oposição.

O Unace faz parte da Concertação Nacional, mas é contra a indicação de Lugo para disputar a Presidência. O embate se inclina para a saída do Unace da aliança, principalmente depois da libertação de Oviedo.

Especula-se que a libertação do ex-general neste momento tenha sido orquestrada pelo presidente paraguaio, Nicanor Duarte, em uma tentativa deliberada de rachar a aliança.

Antes de concorrer, porém, Oviedo terá de ser anistiado ou ter a condenação anulada.

Fonte: Folha de São Paulo

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