Cinco meses depois de ser notícia por conta dos estranhos incêndios que aconteciam em sua casa, uma família do distrito de Icoaraci (PA) volta a ser atormentada pelo fenômeno ainda inexplicado.
Desta vez, já são 25 dias em que roupas, lençóis e móveis pegam fogo sob os olhares angustiados dos moradores da casa. Nervosa com a situação, especialmente depois que a neta de quatro anos teve o braço queimado, a dona-de-casa Isonete Ferreira apelou à Polícia Civil. Ela quer uma avaliação técnica do Centro de Perícias ‘Renato Chaves’. O Corpo de Bombeiros também foi acionado.
Desde que os episódios de combustão espontânea começaram a acontecer na casa do bairro da Ponta Grossa, a família já perdeu oito colchões, teve camas e cadeiras chamuscados e várias roupas consumidas pelas chamas. ‘A gente é obrigado a guardar quase tudo na casa dos vizinhos. Às vezes, é até difícil achar roupa para sair’, diz o marido de Isonete, Edvaldo Silva, 52.
A família – dez pessoas, incluindo duas crianças de seis e quatro anos – dorme amontoada sobre tapetes desde meados de agosto, quando os fenômenos voltaram a acontecer. Enquanto a família contava como a pequena Raíssa queimou o braço direito depois que seu mosqueteiro se incendiou, outro monte de roupas num cesto na cozinha pegou fogo sem explicação. Quase que acostumados com o caso, os moradores só fazem recolher o que foi estragado num lote que já se amontoa na área em frente à casa.
‘Quando a gente tem fé, aprende a conviver. Mas eu só queria que isso tudo acabasse, que nos deixassem em paz. Orações são sempre bem-vindas, mas tem gente que vem com cada coisa! Já são 25 dias disso. Passa o dia inteiro e, de repente, acontece. O pior é que a gente não sente o cheiro de substância química nenhuma. Já pegou fogo até em roupa estendida no varal. É complicado viver sobressaltado. A gente tem medo que aconteça algo com um de nós, com as crianças’, desabafa uma das moradoras da casa.
Dona Gonçala Batista, 68 anos, que mora na casa desde 1994, diz que nunca havia acontecido nenhum fato estranho por lá até abril deste ano. Diz que a casa já recebeu visitas do padre Jaime, da Igreja do Menino Jesus, em Marituba, e de vários grupos de oração que acreditam que os fenômenos são causados por desarmonias espirituais. ‘Já tiraram foto, já rezaram. Já veio grupo de crente e disse que era Satanás. Mas vem grupo da igreja, reza, e pega fogo assim mesmo. Quando a gente sai de perto, o fogo começa. Se dormir, alguém tem que ficar acordado. Eu não me assusto mais, mas acho que não é gás, como algumas pessoas já disseram, porque acho que, se fosse, já teria acontecido um acidente muito mais grave. O problema é que a gente não tem para onde ir. Não temos como alugar uma casa’, disse Gonçala.
Fonte: Amazônia Jornal