Samuel Rodovalho, filho do bispo Robson Rodovalho

Lilian Tahan e Gabriella Furquim
Metrópoles

O empresário Samuel Rodovalho, filho do bispo Robson Rodovalho, líder da igreja Sara Nossa Terra, prestou depoimento, nesta terça-feira (23/06), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Respiradores da Assembleia Legislativa de Santa Catarina que investiga a compra fraudulenta de equipamentos médicos em meio à pandemia do novo coronavírus.

Representante comercial da empresa chinesa Cima, Samuel é investigado por suposto envolvimento na intermediação entre o governo catarinense e um grupo de empresários. O governo de Santa Catarina pagou R$ 33 milhões pelos itens essenciais ao tratamento de pacientes em estado grave acometidos pela Covid-19, mas os aparelhos nunca foram entregues.

A investigação provocou a queda de integrantes do alto escalão da administração pública catarinense. Entre eles, o secretário-chefe da Casa Civil, Douglas Borba. O ex-gestor continua preso, suspeito de ter recebido dinheiro para favorecer a operação.

O empresário pediu para ser ouvido por meio de videoconferência em função da gravidez da esposa. Ele também alegou que mora com a sogra, que é idosa. A solicitação, no entanto, foi negada. A oitiva do empresário durou mais de três horas.

Aos parlamentares, Samuel negou ter recebido qualquer valor durante a negociação. Disse, também, que não teve contato com nenhum integrante do governo durante a negociação que culminou na compra de equipamentos fantasmas.

Os deputados, no entanto, apresentaram mensagens recuperadas do celular de Samuel – apreendido em operação de busca em maio – onde o empresário cita o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL). Na última segunda-feira (22/06), a Justiça encaminhou o processo que investiga a compra dos respiradores para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) por conta da suspeita de participação do chefe do Executivo no caso.

Em uma das conversas, Samuel diz que está na “linha com o governador”. Em outra, questiona: “o que eu faço com o governador me ligando?” Aos parlamentares, o empresário disse que o primeiro texto foi um “equívoco” e que o segundo foi apenas encaminhado por ele. Ele destacou diversas vezes que não conhece e não tem nenhuma relação com o governador Carlos Moisés.

As mensagens, de acordo com os investigadores, precisaram ser recuperadas porque o empresário apagou as conversas e teria quebrado o celular antes do aparelho ser recolhido. O empresário negou. Disse que deletou mensagens que considerava “irrelevantes” justamente porque pretendia comprar um novo aparelho.

Outro ponto destacado pelos parlamentares na CPI trata do fato de Samuel ter comunicado ao Hospital Albert Einstein, com quem também estava negociando a venda de respiradores, a impossibilidade de entregar os equipamentos dias antes de o governo de Santa Catarina pagar R$ 33 milhões pelos itens que nunca foram entregues.

Ou seja, para os deputados, o empresário poderia ter acionado o governo a tempo de evitar a transação fraudulenta. Samuel reconheceu que poderia ter feito o alerta, mas disse ter sido orientado a comunicar a indisponibilidade no dia 1º de abril, data em que os valores foram depositados pelo governo de Santa Catarina.

O empresário disse que os produtos não poderiam ser entregues devido a uma decisão do governo chinês que embargou a venda de respiradores para alguns países.

Samuel afirmou ainda que desde 2015 estava afastado da empresa Cima, que produz equipamentos médicos. No entanto, relatou que, diante da pandemia e da corrida para a compra de respiradores, foi procurado tanto pela empresa produtora quanto por pessoas interessadas na aquisição. Entre eles, um advogado do Rio de Janeiro que teria informado.

Fonte: Metrópoles

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