Google Play
Google Play

O aplicativo Living Hope Ministries que oferece sermões, citações bíblicas diárias e pelo menos um podcast, tem uma de suas sessões chamada de “Pray the Gay Away” (algo como “Ore para seu lado gay ir embora”), e é dedicada a promover uma terapia para converter homossexuais.

Popularmente chamada de “cura gay”, a prática, repudiada por alguns psicólogos, gerou uma gritaria tão grande nos Estados Unidos que Apple e Amazon removeram o serviço de suas plataformas no fim de 2018.

O Google, no entanto, manteve o aplicativo no ar. Porém, a companhia está sendo pressionada por um parlamentar de Nova York, eleito justamente pelo distrito onde a empresa mantém sua sede, que está para ser ampliada.

Brad Hoylman, senador estadual, pede a retirada do app da Google Play “imediatamente”, segundo o The Verge.

“O Google [está] planejando ter 7 mil empregados no distrito do nosso Senado, então eu peço que eles removam o app urgente. Estou esperançoso que eles verão o dano causado por esse tipo de mensagem enviada a crianças e suas famílias”, disse o senador.

Procurada, a empresa Google ainda não se manifestou.

O senador é o autor da lei que transforma Nova York o 15º estado dos EUA a proibir terapias popularmente chamadas de “cura gay”. Holyman também é o criador da legislação que transforma em crime qualquer forma de discriminação contra transgêneros e atuou fortemente para que fosse aprovada uma lei para proteger vítimas de crimes sexuais.

A sessão “Pray the Gay Away” do aplicativo contém, entre outros conteúdos, relatos de como leitores gays podem ter sua sexualidade “restaurada” ou “ignorada”.

O app leva o nome da organização que o mantém. A Living Hope Ministries é uma “organização sem fins lucrativos, não denominacional, cuja missão é proclamar a verdade de Deus à medida que viajamos com aqueles que buscam a integridade sexual e relacional através de um relacionamento mais íntimo com Jesus Cristo”, diz em seu site. Fundada em 1989, acredita que apenas relacionamentos heterossexuais são válidos aos olhos de Deus.

O LHM proclama uma visão de mundo bíblica e centrada em Cristo, em que a expressão sexual é enraizada em um homem e uma mulher em um casamento comprometido, monogâmico e heterossexual pela vida. Qualquer coisa menor que este ideal fica aquém do melhor de Deus para a humanidade.

Diz ainda seu site que as Escrituras são claras sobre o desígnio de Deus para a sexualidade, e que a alegria final é encontrada através da entrega a Cristo. O LHM oferece às igrejas uma compreensão mais profunda das questões sexuais e relacionais, e apoio específico aos homens e mulheres que são diretamente afetados pela homossexualidade.

No Brasil, terapias de reorientação sexual, como a “cura gay” proposta pela LHM, geraram uma briga travada na Justiça. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vetava tratamentos do tipo desde 1999 e punia profissionais que procediam dessa forma por acreditar que isso representa “dano à liberdade profissional para criações científicas e, por consequência, ao patrimônio cultural brasileiro”.

Um juiz federal do Distrito Federal emitiu em 2017 uma liminar que autoriza psicólogos a oferecer essas terapias a pacientes que não aceitem a própria orientação sexual. Na época, o CFP rebateu o argumento de que as punições inviabilizavam pesquisas científicas na área.

Segundo o juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho publicou no documento oficial de sua decisão liminar, o Conselho Federal de Psicologia não pode impedir que psicólogos pesquisem, se informem e até mesmo atendam pessoas que busquem uma reorientação sexual.

O conselho recorreu para tentar derrubar a decisão e levou a questão em setembro do ano passado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Fonte: UOL

Comentários