O governo indiano condenou o assassinato, ocorrido nesta quarta-feira, do ministro de Minorias paquistanês, o cristão Shahbaz Bhatti, e enviou condolências às autoridades e ao povo do país vizinho.
“Enviamos nossos sentidos pêsames à desconsolada família, ao povo e ao governo do Paquistão pelo trágico assassinato”, expressou o Ministério de Relações Exteriores indiano em comunicado.
O Vaticano e a Igreja Anglicana do Reino Unido condenaram o assassinato do único ministro cristão do Paquistão. O carro de Bhatti foi alvejado por um grupo de homens armados, quando ele deixava a casa de sua mãe em Islamabad.
“[O assassinato] é um novo episódio de violência de terrível gravidade que demonstra quão justificados são as insistentes declarações do papa contra a violência contra cristãos e a liberdade religiosa”, disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.
“Faço um pedido para que cada um perceba a extrema urgência da defesa da liberdade religiosa e dos cristãos objeto de violência e perseguições”, completou.
No Reino Unido, líderes da Igreja Anglicana expressaram choque e sofrimento e pediram ao governo paquistanês que faça mais para proteger os cristãos.
O embaixador dos Estados Unidos no país, Cameron Munter, também condenou o assassinato, chamando Bhatti de um patriota.
Bhatti defendia mudanças na controversa legislação sobre blasfêmia no país, cuja grande maioria da população é muçulmana. A lei determina que qualquer pessoa que fale mal do Islã e do profeta Maomé comete um crime e pode ser condenada a morte, mas ativistas dizem que sua vaga terminologia tem resultado em muitos erros de condenação.
A lei está causando polêmica no país desde que em novembro um tribunal condenou à morte uma mulher cristã. Os cristãos representam cerca de 2% da população do Paquistão.
“Os relatos iniciais são de que ele foi morto por três homens, provavelmente com um fuzil Kalashnikov, mas ainda estamos tentando estabelecer o que aconteceu exatamente”, disse o chefe de polícia da cidade, Wajid Durrani.
Segundo Durrani, o ministro estava sem segurança. Seu motorista está sob custódia e afirmou à polícia que os assassinos estavam vestidos com shalwar kamiz, vestimenta tradicional paquistanesa.
As redes de televisão mostraram imagens de um carro preto crivado de balas e revelaram que no local do ataque encontraram panfletos da facção provincial punjabi dos talebans paquistaneses, o que não foi confirmado pela polícia. Membros do grupo islâmico Taleban, contudo, assumiram a responsabilidade pelo atentado, alegando que o ministro era um blasfemo.
O primeiro-ministro, Yousuf Raza Gillani, condenou o assassinato e lamentou que ocorra “quando toda a nação estava tentando construir pontes entre os fiéis de diferentes crenças”.
No início de janeiro, um policial da tropa de elite matou, em plena rua, o governador de Punjab que defendia publicamente a cristã condenada. O assassinato de Taseer comoveu a classe liberal paquistanesa e deixou no ar claro ambiente de ameaças a Bhatti e à ex-ministra da Informação Sherry Rehman, que reforçou desde então suas medidas de segurança.
Bhatti, contudo, parecia não temer. “Sei que posso ser assassinado se continuar pressionando, mas não tenho medo”, revelou em uma entrevista recente à agência de notícias Efe.
[b]Fonte: Folha Online[/b]