A Igreja Anglicana “não deu proteção” às vítimas de pastores pedófilos, concluiu nesta terça-feira (6) uma investigação britânica independente, que denunciou uma “cultura” dentro da instituição que “escondeu os autores” de abusos sexuais de menores.

Suas duas principais autoridades se anteciparam e, antes da divulgação do relatório, pediram desculpas às vítimas.

Em uma carta aberta, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, líder espiritual dos anglicanos, e o arcebispo de York, Stephen Cottrell, declararam que estão “verdadeiramente arrependidos da forma vergonhosa como a Igreja agiu”.

“Nos comprometemos a ouvir, aprender e agir em resposta às conclusões do relatório”, escreveram. No texto, os dois clérigos apresentam “suas mais sinceras desculpas, de todo coração, aos que foram maltratados e a seus familiares, amigos e colegas”.

A Comissão Independente de Inquérito sobre Violência Sexual de Menores (IICSA), criada em 2015 devido às acusações sobre uma suposta rede pedófila nos cargos mais altos do poder britânico – que depois foram desmentidas -, concluiu que “a cultura da Igreja da Inglaterra permitiu transformá-la em um lugar onde os agressores podiam se esconder”.

“As diferenças de autoridade da Igreja e dos pastores, os tabus em torno da sexualidade e um ambiente em que os perpetradores recebiam mais apoio do que as vítimas, foram obstáculos para a divulgação das agressões”, destacou.

O relatório examina ainda o caso da diocese de Chichester, no sul da Inglaterra, e do falecido bispo Peter Ball. Este último foi condenado em 2015 a 32 meses de prisão por crimes sexuais cometidos contra 18 jovens ao longo de três décadas.

Em um relatório anterior publicado em maio de 2019, a comissão acusou a Igreja Anglicana da Inglaterra de priorizar sua “reputação”, em detrimento das vítimas de seu corpo religioso. Também criticou o príncipe Charles, herdeiro do trono, por seu “equivocado” apoio a Peter Ball.

No julgamento de Ball, alegou-se que ministros, deputados, diretores de escolas e um membro da família real intervieram diretamente para impedir que essa pessoa próxima do príncipe de Gales fosse acusada já em 1993.

Em um comunicado emitido após a publicação deste novo relatório, a Igreja da Inglaterra garantiu estar “estudando as recomendações” e prometeu uma “resposta completa nas próximas semanas”.

“Toda a Igreja deve aprender as lições desta investigação”, afirmaram os responsáveis da Igreja anglicana referindo-se à proteção das vítimas.

Fonte: AFP via O Tempo

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