Justin Welby, líder da Igreja Anglicana
Justin Welby, líder da Igreja Anglicana

A Igreja Anglicana pediu perdão ao mundo pela participação econômica na escravidão, nesta terça-feira (10/1). A instituição e o próprio Reino Unido lucraram muito com o tráfico negreiro durante os séculos 16 e 17. Segundo o historiador David Richardson, navios britânicos levaram cerca de 3,4 milhões de africanos capturados para as Américas.

O Church Commissioners’ (Comissários da Igreja, em tradução literal) também anunciou um fundo de investimentos de £ 100 milhões, o equivalente a quase R$ 635 mil. A quantia será destinada à um programa de investimento, pesquisa e engajamento utilizados nos próximos nove anos, a partir de 2023.

Segundo os comissários, essa decisão da Igreja vai “tentar resolver alguns dos erros do passado”. O dinheiro financiará projetos de impacto para melhorar a vida de sociedades afetadas negativamente escravidão, além de impulsionar pesquisas, combater a escravidão moderna, violação dos direitos humanos e as desigualdades.

No comunicado, a Igreja Anglicana admite que “tinha ligações históricas com a escravidão transatlântica”. O pedido de desculpas segue uma série de descobertas compartilhadas em um anúncio interino publicado, em junho de 2022.

Figuras religiosas compartilharam suas desculpas. Entre elas, o líder espiritual da Igreja Anglicana, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby. Ele escreveu nas redes sociais que “sente muito por essas ligações”. “Somente abordando nosso passado com transparência podemos enfrentar nosso presente com integridade”, declarou.

Welby diz que “agora é hora de agir para lidar com nosso passado vergonhoso”. Além da instituição religiosa, a Holanda também pediu desculpas pelos 250 anos de participação no tráfico de escravos.

O Church Commissioners’ reponsabiliza a origem das doações ligadas a escravidão ao financiamento do Queen Anne’s Bounty (“A recompensa da rainha Anne”, em tradução literal), esquema para aumentar a renda do clero mais pobre da Inglaterra, estabelecido em 1704.

De acordo com o anúncio, um novo grupo de supervisão será formado em 2023 com participação significativa de comunidades impactadas pela escravidão.

Fonte: Metrópoles

Comentários