O cardeal italiano Carlo Maria Martini, que morreu na última quinta (30), afirmou em sua última entrevista que a Igreja Católica está 200 anos atrás no tempo.

As declarações foram publicadas neste sábado pelo jornal “Corriere della Sera”.

“A Igreja Católica está 200 anos atrás dos tempos atuais. Porque ela não se mexe? De que eles têm medo? Medo em vez de coragem?”.

Sobre a situação da Igreja Católica, ele afirmou que a religião está estancada na Europa e na América, com uma cultura antiquada, templos grandes e rituais pomposos, o que tem afastado os fieis. Para que o conceito católico fosse recuperado, a Igreja deveria se aproximar mais das pessoas.

“Estamos como aquele jovem rico que foi chamado por Jesus para ser seu discípulo. Eu sei que não podemos deixar isso de forma fácil, mas pelo menos poderíamos tentar ser como os homens livres e mais próximos dos fieis”.

Martini considerava que a Santa Sé deveria tomar três medidas para diminuir o modo antiquado das celebrações católicas: o reconhecimento dos erros do passado, como os casos de pedofilia, o retorno da “Bíblia” às igrejas e a reafirmação dos sete sacramentos da Igreja, a partir de sua revisão.

Isso incluiria, entre outras medidas, o reconhecimento do divórcio e a possibilidade de um novo amor, o que mudaria a concepção de casamento atual.

[b]MORTE[/b]

Martini morreu na sexta (31), aos 85 anos. O cardeal jesuíta sofria há dez anos do Mal de Parkinson.

Ele figurava entre os “papabili” (favoritos) no conclave de 2005 que elegeu Joseph Ratzinger, manteve uma ação comedida dentro da Igreja, em favor de uma instituição mais aberta e do diálogo com o mundo.

Martini havia sido ordenado sacerdote em 13 de julho de 1952. Foi nomeado pelo papa Paulo 6º como reitor do Instituto Bíblico, onde permaneceu até 1978, e em seguida da prestigiada universidad pontificia gregoriana, em Roma.

No final de 1979, João Paulo 2º o nomeou arcebispo de Milão, a maior diocese da Europa, a qual ele dirigiu durante 22 anos. Em várias ocasiões, Bento 16 expressou sua estima pelo cardeal Martini.

Em junho deste ano, o papa havia se encontrado com Martini em Milão.

[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]

Comentários