O primaz católico de Inglaterra e Gales, cardeal Comac Murphy-O’Connor, se queixou à “BBC” sobre um programa que acusava o atual Pontífice de ter ocultado os escândalos de pedofilia da Igreja.

O cardeal se dirigiu por carta ao diretor-geral da emissora pública britânica para protestar por um documentário, divulgado na noite deste domingo, segundo o qual, antes de ser eleito Papa, o cardeal Joseph Ratzinger promoveu uma conspiração do silêncio em torno do tema.

Por sua parte, o arcebispo de Birmingham, Vincent Nichols, qualificou o programa de “totalmente enganoso”, mas a “BBC” confirmou hoje seu conteúdo.

O documentário criticava um documento batizado em latim “Crimen Sollicitationis”, escrito em 1962, e que aparentemente dava instruções aos bispos sobre como fazer frente às acusações de abuso de menores.

Os autores do documentário da “BBC” pediram ao pai Tom Doyle, ex-advogado eclesiástico despedido do Vaticano justamente por haver criticado sua gestão da crise, que interpretasse o documento em questão.

Doyle assinalou que o documento convidava os bispos a encobrir os casos de abusos sexuais, reforçando assim o controle vaticano em lugar de preocupar-se com as vítimas.

Segundo os representantes da Igreja Católica, o documento em questão não se referia diretamente aos abusos de menores, mas de modo mais geral aos abusos do confessionário.

O arcebispo Nichols denunciou o programa por “falsear dois documentos vaticanos” e utilizá-los “de modo enganoso para vincular a pessoa do Papa com os horríveis abusos de menores”.

Nichols disse que a montagem do documentário, que utiliza filmagens antigas e entrevistas sem data, induzia ao erro, e acrescentou que a “BBC” deveria estar envergonhada.

Uma porta-voz da “BBC” anunciou hoje que a direção da emissora responderá à carta do primaz e insistiu em que “a proteção da infância é um assunto do máximo interesse público”.

Fonte: EFE

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