Igreja Bethel, na Haia, na Holanda, realiza culto há um mês para proteger refugiados
Igreja Bethel, na Haia, na Holanda, realiza culto há um mês para proteger refugiados

A igreja Bethel, em Haia, na Holanda, já mantém um culto ininterrupto de quase 1500 horas. Nesta segunda-feira (24), véspera de Natal, a cerimônia religiosa completou 60 dias de duração. Os cultos desta segunda e terça-feira foram voltados para o significado cristão do Natal e amor ao próximo.

“Nesta época de Natal, quando celebramos as ações de amor e paz de Deus pela humanidade, nos sentimos fortalecidos para não abandonar nossa responsabilidade com a família Tamrazyan”, declarou o reverendo Theo Hettema, um dos integrantes do rodízio.

A igreja distribuiu senhas para quem desejava ajudar os refugiados e estar nos cultos. Uma das integrantes da família auxiliada, Hayarpi Tamrazyan, participou da cerimônia de Natal segurando a representação da Estrela-Guia na oração.

A maratona de serviços religiosos começou em 26 de outubro, não parou desde então e não teve qualquer interrupção.

O caso

Tudo começou em Katwijk, perto de Amsterdã. A família Tamrazyan – os pais e seus três filhos, Haryarpi, de 21 anos, Warduhi, 19, e Seyran, 15 – acabou ali depois que o pai foi obrigado a fugir da Armênia por motivos políticos em 2010, segundo o pastor Derk Stegeman, porta-voz da família e principal organizador do serviço. A pedido da família, sua situação foi mantida em segredo, juntamente com os nomes dos pais, a fim de evitar eventuais consequências para os parentes que ainda se encontram na Armênia.

As autoridades holandesas tentaram por duas vezes negar asilo à família ao longo de seis anos, e por duas vezes foram derrotadas no tribunal. O governo fez uma terceira tentativa, embora os três filhos residam há mais de cinco anos no país e, teoricamente, tenham direito a anistia, de acordo com a legislação em vigor desde 2013.

O porta-voz do Ministério da Justiça e da Segurança holandês, Lennart Wegewijs, disse que o governo não comentaria casos individuais. Mas falando de modo geral, afirmou que, pela lei holandesa, os filhos só terão direito à anistia se estiverem dispostos a cooperar com os esforços oficiais para deportá-los do país.

A fim de evitar o provável perigo de terem de voltar para a Armênia, os jovens Tamrazyan não cooperaram e se refugiaram em uma igreja de Katwijk. Quando esta esgotou seus recursos para ajudá-los, a direção de Bethel concordou em receber a família.

Além de realizar um culto ininterrupto, 24 horas por dia, a igreja proporciona assistência psicológica à família e aulas para os filhos, que não podem mais frequentar a escola, inclusive a universidade.

Os ministros prometeram continuar os serviços indefinidamente – mesmo depois que um funcionário do governo holandês disse dias atrás que isso não alterou a decisão do governo.

Segundo as leis holandesas, a polícia não pode interromper um serviço religioso para fazer uma prisão. Por isso, as autoridades da imigração não podem entrar na Igreja Bethel para prender os cinco membros refugiados armênios da família Tamrazyan, que se abrigaram no santuário a fim de escapar da ordem de deportação.

O serviço, inicialmente pouco noticiado pela imprensa, é uma medida extrema adotada por um pequeno grupo de ministros locais que agora se tornou um movimento nacional, atraindo clérigos e congregados de aldeias e cidades de toda a Holanda.

Mais de 550 ministros de cerca de 20 denominações religiosas se revezam na Igreja Bethel, a fim de proteger uma família ameaçada.

“Estamos pondo em prática o que pregamos”, afirmou van der Vaart.

Fonte: Pleno News e Terra

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