Sete denominações protestantes cubanas lançaram conjuntamente uma nova aliança evangélica porque, de acordo com os líderes, as igrejas não se sentem representadas pelo conselho existente de igrejas.
A fundação da Aliança Evangélica das Igrejas Cubanas, no dia 11 de junho, é uma demonstração sem precedentes de unidade interdenominacional desde a revolução de 1959.
A decisão veio a partir de um referendo no início deste ano em que os cubanos votaram a favor de uma nova constituição e onde os cristãos de diferentes denominações se encontraram em oposição a certos elementos do projeto de lei.
Foi também nesse processo que “tornou-se mais evidente que o Conselho Cubano de Igrejas não agiu a favor da doutrina da Igreja, mas a favor dos interesses particulares e políticos do regime”, disse Rosanna Ramirez, analista de perseguição da Portas Abertas, organização que pesquisa a perseguição aos cristãos e apoia cristãos perseguidos no mundo.
Entre as sete denominações que aderiram estão as cinco maiores em termos de filiação em Cuba. Além do referendo, Ramirez disse que as igrejas aliadas também podem ter encontrado uma causa comum no caso de um pastor e sua esposa que foram recentemente presos por ensinar seus filhos em casa porque não querem que eles sejam expostos a ensinamentos comunistas do Estado.
Ao contrário Conselho Cubado de Igrejas, a recém-formada aliança não é formalmente reconhecida pelo Estado e provavelmente não será reconhecida, disse Ramirez.
“As igrejas que são membros da aliança são conhecidas por serem os principais grupos que se opuseram às mudanças da nova Constituição, especialmente em relação ao tratamento da liberdade religiosa. Elas foram os que ousaram desafiar o regime e mostrar seu desacordo abertamente, sem medo de represálias”, disse ela.
O regime já negou todos os vistos religiosos solicitados pelas igrejas que se juntaram à nova aliança, disse uma fonte local à Portas Abertas sob condição de anonimato para garantir a segurança. Após o referendo constitucional, as cinco maiores igrejas protestantes disseram que o governo os impediu de receber visitantes do exterior.
Como acontece a perseguição aos cristãos em Cuba
Cuba é uma ditadura comunista; o governo e seus apoiadores tentam exercer controle sobre a vida privada e pública dos cidadãos. Qualquer sinal de desacordo com o regime por parte dos cristãos ou de outras pessoas é investigado e tratado com rigidez.
O resultado disso é que todas as denominações religiosas são afetadas pelo controle do governo. Um número significativo de cristãos foi preso por participar de reuniões não registradas ou por expressar discordância com o regime, crianças foram doutrinadas e materiais religiosos foram confiscados.
Alguns cristãos considerados opositores do regime foram demitidos de seus empregos. Além disso, a ideologia secularista tornou-se mais influente através do apoio do Conselho Cubano de Igrejas.
Recentemente, o coordenador regional do Instituto Patmos, uma ONG que promove o diálogo inter-religioso e a liberdade de religião, foi preso pelas autoridades Estaduais.
Além dele, meses depois, um ativista dos direitos dos cristãos foi preso por agentes de segurança do Estado. Sua casa foi invadida e bíblias e outros materiais cristãos foram confiscados.
Fonte: Portas Abertas