Um ato ecumênico em memória das vítimas do acidente com o avião da TAM, que se chocou terça-feira (17) com o prédio onde funcionava o terminal de cargas da empresa, reuniu hoje (20), ao meio-dia, na Avenida Washington Luís, representantes de diversas igrejas. Polícia barrou fiéis em ato pelas vítimas da tragédia.

Participaram do ato, realizado próximo ao local do acidente, protestantes, cristãos, budistas, espiritualistas, seguidores do judaísmo, do xamanismo e de religiões indianas.

O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, disse que a cerimônia foi uma manifestação de solidariedade aos familiares das vítimas e às pessoas que estão trabalhando para confortar os que perderam parentes e amigos no acidente.

Scherer pediu que as investigações esc lareçam o que realmente aconteceu com o avião no dia do acidente: “Não basta conseguir entender o que aconteceu. É preciso fazer com que novos acidentes sejam prevenidos para que as pessoas possam viajar e viver com segurança.”

Para o arcebispo, as medidas de proteção ao vôo têm de ser de levadas a sério, “mesmo em momentos de desenvolvimento econômico e crescimento do número de passageiros”. Scherer lembrou que o Papa Bento XVI enviou mensagem de solidariedade às vítimas, no dia do acidente. O arcebispo, que celebrará missa domingo (22), na Catedral da Sé, enfatizou que toda a sociedade espera que os responsáveis pelo setor resolvam a crise aérea, que se arrasta há meses.

O representante da tradição xamânica no ato ecumênico, Cyro Leãoo, exigiu honestidade das autoridades. “Não adianta discursar e não fazer. Se o governo tinha informações de que isso [caos aéreo] ia acoantecer, por que não agiu? Tem de haver honestidade, e cada um entender a responsabilidade assumida junto com o cargo público,” afirmou.

O reverendo Elias de Andrade Pinto, da Igreja Presbiteriana Independente, cobrou humildade dos responáveis pelo setor aéreo para que possam encontrar soluções para a crise. “Nossa esperança é que ações concretas demonstrem à população que segurança é prioridade. Coerência, transparência, coragem e humildade, quando aparecem, indicam o caminho a seguir”, disse o reverendo.

Polícia barra fiéis em ato pelas vítimas da tragédia

O culto ecumênico em homenagem às vítimas do acidente aéreo em que um avião da TAM se chocou com o edifício da TAM Express e de seus familiares terminou com um momento de constrangimento. Ao fim do ato, participantes do evento iniciaram uma caminhada para depositar flores junto aos escombros do acidente.
Mesmo com o pedido do presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Roberto Salvador Scaringella, a Polícia Militar impediu a aproximação dos fiéis, que chegaram a avançar poucos metros além do cordão de isolamento, mas foram obrigados a recuar, por motivos de segurança.

O Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, o bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, Dom Pedro Luiz Stringhini, e o pastor Elias, da Igreja Presbiteriana, acompanhados por representantes do judaísmo, xamanismo e budismo, entre outras religiões, que estavam com quase 50 fiéis, tiveram de bolar uma estratégia para depositar as flores. Scaringella, que tinha acesso livre ao local do acidente, ofereceu-se para levar as flores e desceu até o lugar sozinho, acompanhado apenas por policiais militares.

Dom Odilo, entretanto, não quis polemizar. “Nós respeitamos as medidas de segurança de quem está trabalhando e tentando fazer a sua parte no trabalho de recuperação dos corpos e demais serviços que ainda são necessários”, disse. Durante a celebração, Dom Odilo disse que o ato era uma manifestação de solidariedade de diversas comunidades religiosas às vítimas e seus familiares. “Estamos aqui para prestar solidariedade a todos. Isso nos atinge, mas não há sofrimento para quem crê em Deus e é religioso”, disse.

“O ato é uma bênção de paz e solidariedade aos atingidos pelo acidente. Uma bênção sobre a nossa situação de desenvolvimento com segurança no tráfego aéreo em nosso País”, comentou o padre Elias, da Igreja Presbiteriana. O Arcebispo de São Paulo disse também que não bastava saber os motivos do acidente, mas também atuar para que os riscos de novas tragédias fossem prevenidos e diminuídos. “A questão da segurança deve ser levada muito a sério em todas as situações da vida, mesmo quando estamos em um momento de desenvolvimento econômico e de crescimento pela demanda dos serviços. A atenção à vida nunca deve ser diminuída”, declarou.

Ele cobrou empenho do governo federal para resolver a crise aérea. “É o que toda a sociedade está pedindo, que se procure resolver da melhor forma possível a questão dessa crise aérea, que já esta durante meses”, acrescentou. “Buscamos respostas prontas, claras e seguras, além de diálogo com a sociedade”, ressaltou o padre Elias. Após o ato, os religiosos foram até o saguão do Aeroporto de Congonhas, próximo à área de check-in das companhias aéreas, rezaram um Pai Nosso, com a participação dos passageiros que aguardavam na fila, e fizeram um minuto de silêncio em memória às vítimas.

Fonte: Agência Brasil e Último Segundo

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