A imprensa da Alemanha está dividida sobre os escândalos dos abusos sexuais na Igreja Católica, e alguns jornais pedem ao Papa Bento XVI que apresente explicações sobre um caso ocorrido quando era o arcebispo de Munique.
A arquidiocese de Munique reconheceu na sexta-feira que Joseph Ratzinger, que mais tarde se tornaria o Papa Bento XVI, aceitou em 1980 receber um suposto padre pedófilo, condenado mais tarde por abuso sexual de menores.
Muitos jornais fecharam as edições na sexta-feira antes de poder comentar as revelações. Mas entre os que tiveram tempo de mencionar o caso, vários fazem questionamentos.
“O Papa sabia que este padre voltaria a exercer suas funções no arcebispado? Ou não sabia de nada, o que seria provavelmente uma negligência?”, pergunta o jornal Tagesspiegel, de Berlim, em um editorial.
“As duas hipótesis são, para dizer o mínimo, pouco gloriosas”, completa.
“Restam dúvidas que são cruciais, e sobre as quais apenas o Papa Bento XVI pode responder. Deveria responder em nome da clareza e da verdade, e não por obrigação”, destaca um longo editorial do Süddeutsche Zeitung, de Munique, que revelou o envolvimento do Pontífice nos escândalos que afetam a Igreja Católica alemã desde o fim de janeiro.
“Bento XVI usou as palavras mais duras para os abusos sexuais e, portanto, não pode ser acusado de negá-los ou de querer dissimulá-los. No entanto, finalmente se viu atingido por este tipo de caso”, afirma o Süddeutsche Zeitung.
“O que está em jogo agora é a confiança que podem ter ou não no Sumo Pontífice um bilhão de católicos em todo o mundo”, conclui o jornal.
Fonte: AFP