Ele já perdeu a conta que quantos já se converteram a Cristo desde que passou a ministrar País afora junto às multidões. “São milhares e milhares, e acredito que já está passando da casa do milhão”, diz, ele, convicto. Confira entrevista com o cantor Irmão Lázaro, um dos fenômenos da música evangélica no Brasil.

Com mais de 400 mil álbuns prensados e quase 200 mil DVD´s vendidos (referindo-se apenas a seu mais recente trabalho, Eu te amo tanto) e uma agenda apertadíssima dado os inúmeros convites que recebe para estar ministrando em igrejas, conferências, congressos, encontros, sem mencionar eventos não necessariamente cristãos promovidos por prefeituras e empresas em que se reserva um espaço aos evangélicos, Lázaro – ou Irmão Lázaro, como queira – tem sido mesmo um fenômeno no cenário gospel/cristão e até mesmo num meio em que, por muito tempo, estivera circulando e que conhece tão bem: o da música secular. Difícil dizer se tudo isso é em razão de outrora ter sido integrante de uma banda que sempre fora um estrondo de sucesso (que perdura ainda hoje) ou mesmo pela própria forma como se convertera – do anonimato a fama, e de novo no anonimato em razão do ostracismo e das drogas, de onde imergira agora converso e convicto. De repente, as duas coisas se somam e justifica o momento em que ele está vivendo hoje.

Um fato em todo esse contexto merece destaque: se outrora se sentia incomodado com a fama e o sucesso que antes tinha talvez por saber que um dia isso poderia acabar ou porque era um culto ao seu ego, hoje cristão convicto, Lázaro se vê às voltas com a mesma situação que o atemoriza e o assombra de certa forma por reconhecer que se chegou onde chegou e está onde está não é por mérito seu. A situação a que me refiro é o enorme reconhecimento e carinho que tem recebido por uma multidão que o estima, e ao mesmo tempo, lhe constrange e lhe causa certa indignação, haja vista que muitos desses estanham e até mesmo criticam sua conversão. São os que ele mesmo chama de “inimigos do Reino”.

A fim de saber mais detalhadamente como tem sido sua vida desde que se convertera, como tudo se deu até chegar onde está hoje, como tem lidado com a fama e o sucesso no meio evangélico/cristão e até mesmo como tem lidado como esses “inimigos do Reino”, o Lagoinha.com foi até ele, que pronta e carinhosamente nos recebeu para a presente entrevista, em que ele fala também da formação da banda e estruturação do seu ministério, dos muitos convites que recebe, inclusive para o exterior, do carinho do público infantil, e muito, mas muito mais, do que tem vivido atualmente. Incluindo planos, projetos e, claro, a própria música. Eis então a entrevista, que embora extensa, é profundamente reveladora. Retrato e relatos de quem, um dia, estivera morto e revivera. À semelhança de seu homônimo bíblico, Lázaro, que um dia renascera das trevas da morte para a vida. Esse é Antônio Lázaro Silva. Ou como queiram, Irmão Lázaro. Eis então a entrevista:

Antes de você se converter, você já vinha ouvindo do Evangelho, como foi quando estava com Edson Gomes na banda Cão de Raça, com o dono da barraquinha de cachorro quente em frente a casa onde morava e por outros que já vinham até você para evangelizá-lo, porém, sempre se recusando, se esquivando. Quando de fato ouviu pela primeira vez do evangelho e de Jesus? Quantos anos tinha?

Era muito novo, um garoto. Tinha uns 15 anos mais ou menos. Hoje estou com 41 anos. Lá no meu bairro, um amigo nosso se converteu. Ele foi motivo de algazarra durante uns dois anos. Eu achava muito engraçado aquela coisa de acordar domingo para ir pra igreja. O tempo passou, e aí veio uma igreja no nosso bairro, o Federação, na Bahia. Depois de alguns meses, essa igreja acabou. Era a única no nosso bairro. Depois da minha primeira banda, já com cerca de 20 anos, o líder dessa banda, Ramon Basel, falou de Jesus para mim. E de lá para cá, vinha ouvindo falar do evangelho pela TV, pelos canais, em que as pessoas vinham falando de Cristo o tempo inteiro.

A julgar pelo que diz em seu DVD do início de sua conversão e do discipulado, as coisas não foram fáceis pra você. O que mais diria?

Não foi tranqüilo não. Foi muito difícil porque eu me alegrei muito quando Jesus me salvou, as coisas que eu estava sentindo… Eu sempre tive um jeito assim irreverente de louvar, de dançar, uma coisa muito particular, porque eu aprendi a louvar a Deus na minha casa, cantando sozinho. Não foi no altar, no púlpito da igreja. Sempre falo até que a escola do levita é louvar a Deus sozinho. Eu tocava em minha casa e quando chegava na igreja, era essa mesma alegria que era demonstrar para as pessoas as canções que Deus havia me dado, canções que eu gostava de ouvir. Mas as pessoas começaram a criticar a minha maneira de louvar e houve uma época até que me convidaram para que eu trocasse de igreja, mas eu me recusei e fiquei na igreja um tempo sem ninguém me cumprimentar com a paz do Senhor. Rapaz, foi muito difícil. A minha sorte foi que eu já tinha me apaixonado por Jesus, se não, não sei como ia ser. A igreja pequena, rapaz, e as pessoas se revoltam com você simplesmente porque você gosta de dançar; já pensou?! Mas Deus depois tocou o coração dos irmãos… Talvez Deus até estava me provando, quem sabe! Deus tocou o coração dos irmãos e nós voltamos a ter comunhão. E eu segui minha jornada e estou aqui até hoje.

Esses momentos de dor, solidão, isolamento, humilhação e privação por que passou foi por causa de sua conversão por muitos não terem aceitado, já que era do já tão famoso Olodum, ou por causa de seu orgulho e sua soberba que alega ter sido antes em seu testemunho? Como vê tudo isso hoje?

É Deus me tratando. Era Deus criando circunstâncias pra que eu pudesse crescer na presença dele como servo, pra que eu pudesse ser preparado para que Ele pudesse estar me usando e me honrando. Porque, na verdade, eu acredito, rapaz, que até quando somos perseguidos por um pastor, Deus está no negócio, sabia? Para que a gente aprenda se humilhar, se submeter. Eu sou ovelha do pastor Rogério Dantas, da Igreja Batista Lírio dos Vales, em Salvador, e meu pastor me ensinou uma coisa muito importante: que Deus nunca usa um justo pra exercer juízo sobre a vida de um outro justo. Então, todas as vezes que sou perseguido, eu tenho o desejo de tomar providências, eu tenho o desejo às vezes da vingança, mas eu me lembro dessa palavra do meu pastor que Deus é o justo juiz, que a vingança pertence ao Senhor, e que se eu sou justo, Deus jamais me usaria para exercer juízo sobre a vida de um outro justo. Então, eu creio que as pelejas que eu passo é Deus me tratando para que eu possa aprender a passar por situações de alta tensão e aprender a tomar a decisão na hora certa. Outra coisa que aprendi com meu pastor também foi nunca tomar uma decisão no momento em que a coisa está muito quente; sempre deixar para o dia seguinte ou pra quando a cabeça esfriar.

No DVD você fala da música “Eu sou de Jesus” que cantava (Lázaro, nessa hora, canta: “Pan pan pan pan pan / Pan pan pan pan pan…”) Você já cantava antes de se converter? Como era isso?

Essa versão surgiu depois que me converti, mas eu já cantava músicas evangélicas antes de me converter. Eu ouvia muito Álvaro Tito. Eu participei de uma banda de reggae (lê-se regue) na Bahia chamada Cão de Raça, que tem como cantor Edson Gomes, e nós ouvíamos muito falar sobre Álvaro Tito. Eles tinham uma fita e nós ouvíamos bastante. E tinha uma música dele que dizia assim (Lázaro entoa a canção): “Disse Jesus, paaaaaaaazzz seja convosco / E eis aí a paaaaazzz dos dias meeeeuuuusssss….” Eu gostava muito dessa canção. Tem uma também que fala assim (e novamente, Lázaro solta o gogó): “Não consigo viveeeeerrrr sem teu amoooor”, de Ednaldo Mendes, né… “Não existe sabor na minha vidaaaaaaa…” Eu cantava muito essa canção também. Acho que era Deus já me libertando. Dizem que o louvor liberta, né… (Risos)

Você esteve em Israel antes de sua conversão. E depois?
Irmão Lázaro: Depois que me converti, não. Depois que me converti, a nossa peleja aqui no Brasil, a nossa caminhada, tem sido muito árdua; a gente nunca tem tempo pra nada. Mas eu tenho pedido a Deus aí que nos dê a oportunidade de no final do ano, quem sabe, visitar mais uma vez a Terra Santa. Não por religiosidade, entende, mas até mesmo para descansar, para poder ir lá, e de uma forma diferente, poder ver todas aquelas coisas que eu vi no tempo da banda Olodum. Faço questão de repetir: não por religiosidade, mas por querer observar e como uma forma diferente, querer estar num local onde Jesus esteve. É querer ir lá, sentir.

O que poderia dizer da sua família? Ela já tinha algum conhecimento do Evangelho?

Toda minha família era do Candomblé. Era a cultura que a gente abraçava. E depois que me converti, foi um escândalo dentro da minha casa, tanto pelas questões religiosas como de sobrevivência. Meus pais se preocuparam. “Você vai se sobreviver como? Como que vai ser agora sua vida? A gente cria toda uma expectativa em cima de você, investe nos estudos, e agora você inventa esse negócio de igreja. Meus Deus! E aí?” Mas o tempo foi passando e as pessoas foram percebendo o que Deus estava fazendo na minha vida. Minha família foi ficando impactada. Hoje eu louvo a Deus porque estão todos freqüentando a igreja. Deus já tem dado os primeiros sinais de que, com certeza, todos estarão se envolvendo na obra dele. Sou grato a Ele por tudo isso e estou muito feliz por tudo isso.

Quem é sua família?

Somos eu, meu pai, minha mãe, minhas três irmãs e minhas duas filhas.

Já que mencionou no seu DVD a reação do Olodum à sua conversão, poderia dar mais detalhes?

No começo foi motivo de gracejos, né. Foi muito engraçado. Havia-se até um comentário que eu havia encontrado uma maconha que dava vontade de ser crente, porque eu fumava muito, né. Eles diziam que eu fiquei tão doido que comecei a ir pra igreja. Eles me perguntavam: “Rapaz, que maconha é essa que dá vontade de ser crente?” Depois que eles viram que realmente eu estava convertido, disposto a ficar realmente nos caminhos do Senhor, eu fui alvo de críticas. Começaram a me criticar, falaram que era tudo mentira, que eu estava escondendo na igreja, essas questões todas que as pessoas que não entendem os mistérios de Deus na vida de um ser humano falam. Mas hoje tenho encontrado com os membros da banda, temos evangelizado e eles estão totalmente impactados com o testemunho que foi dado nesse DVD, porque eles sabem que é verdade, que é uma realidade, que é realmente a história de vida que eu vivi, e todos eles ainda vivem naquele lugar. Alguns já têm se convertido. Recebi até a notícia de que o percussionista da banda Babado Novo, o “Macarrão”, se converteu. Temos notícias de que vários percussionistas da banda Olodum já têm se entregado ao Senhor. E eu acredito que Deus vai fazer uma obra gigantesca ainda no nosso Estado (a Bahia) salvando vidas. Ele levantou esse ministério não para que eu fosse famoso, mas para que o nome dele fosse pregado com mais eficiência nesse meio.

Por quanto tempo esteve envolvido com as drogas?

Ah, eu experimentei drogas pela primeira vez por volta dos 16, 18 anos. No começo, ingeria pouca quantidade, de dois em dois meses, de seis em seis meses. Comecei com maconha, lança-perfume… A cocaína só veio depois dos 25 anos mais ou menos, quando experimentava uma vez por mês. Depois fui experimentando uma vez por semana, e depois comecei a usar todos os dias, e acabei no fundo do poço. Viciado mesmo, gastando tudo o que tinha, foi dos 25 aos 33 anos. Foram oitos anos, todos os dias. E paulatinamente, usando em poucas quantidades, levei uma média de vinte anos.

Você ainda mantém contato com o pastor responsável por sua conversão e com aquela igreja em que se converteu?

Aquela congregação acabou. Parece que Deus colocou aquela igreja ali mesmo só para me converter. A pessoa que estava à frente daquela obra foi embora para São Paulo. Eu já o visitei em São Paulo. Eles moram em Guarulhos. É o pastor Samuel, sua esposa, a irmã e missionária Lúcia, mãe de Elisama, de Marcela. Aquela era uma congregação da igreja que estou até hoje. Hoje estou na sede. Eu sou ovelha do pastor Rogério Dantas, da Igreja Batista Lírio dos Vales, em Salvador.

Qual tem sido o seu maior desafio desde que se converteu até agora?

O maior desafio que enfrentamos hoje, meu irmão, são os inimigos que se revelam dentro do Reino, pessoas que nem me conhecem, que nunca me viram, e que de repente resolvem cooperar para que esse ministério pare. Pessoas que infelizmente deixam que entrem sentimentos no coração sem motivos. Como agora, por exemplo, lançaram uma notícia na internet que eu havia falecido. Uns dizem que tive um infarto, outros que bati o carro, pessoas que infelizmente preferem se aliar às trevas que viver na maravilhosa luz, que é Jesus.

Mas esses comentários a que se referem têm partido de pessoas ímpias, não evangélicas não é mesmo? Ou você tem também ouvido comentários nesse tom de pessoas que se dizem crentes por incompreensão de muitos deles, que se assustam com uma conversão de impacto como a sua?

É claro, as pessoas se assustam! Como acontece também com a música. O nosso Estado é muito discriminado. Até no nosso próprio meio (cristão) tem sido um desafio. As pessoas imaginam que a gente grava uma música balançada com a intenção de fazer crente dançar. Nada disso. Deus me chamou para evangelizar, e eu agradeço a Ele pelo carinho que tem colocado no coração dos irmãos pelo nosso trabalho, pelo trabalho que Deus nos inspira. O nosso maior objetivo é trazer pessoas para o Reino, ser um canal de Deus para que as pessoas sintam um desejo de amá-lo, de se aproximar dele.

O que você tem percebido da reação do público desde que começou a ministrar país afora e a lidar com ele?

Esse DVD (Eu Te Amo Tanto) aconteceu agora, mas na verdade, estou nove anos na presença do Senhor, e no começo, Jesus foi aumentando o número de pessoas no ministério. No início eram poucas trabalhando. Os anos foram passando, o trabalho foi ficando conhecido, e eu tenho glorificado a Deus pela oportunidade de ter uma multidão na minha frente para que eu possa pregar a Palavra. Eu vim disso; eu vim do Olodum, da fama, e eu tenho pedido a Deus que me permita lembrar das coisas que eu passei, para que não me envaideça com essa coisa toda que está acontecendo no Evangelho. A receptividade das pessoas tem sido assustadora, no mundo todo. A gente recebe ligações de várias partes da Europa, da Grécia, dos Estados Unidos, aqui da América, de vários países. Nós temos agradecido a Deus e mais uma vez repito, tentando nos policiar para que a vaidade não venha, que a soberba não entre no nosso coração. A gente começa a louvar, aquele amor todo, aquela unção, aquela coisa maravilhosa, e de repente, quando a gente menos espera, se a gente não toma cuidado, ta lá a gente achando que a obra é nossa, tá lá o coração cheio de vaidade, uma soberba terrível. A Bíblia diz que quem quiser ser o maior, seja o menor. E às vezes Deus nos levanta e a gente começa querer ser o maior ”mermo” né,,,, (Risos). Mas a gente é ser humano. Eu falo isso não em função de exemplos que eu vejo por aí. Falo isso em relação a mim mesmo; é como me sinto às vezes. E ás vezes, Satanás tenta me convencer que eu sou alguma coisa.

Você tem tido a oportunidade de ministrar a conterrâneos e colegas seus na música como Ivete Sangalo, Daniela Mercury, gente que de repente viu todo um trâmite, um ciclo seu antes de se converter… E a gora que você se converteu, você tem tido a oportunidade de falar mais de perto com eles? Poderia citar algum nome de gente que, de alguma forma, já ouviu do Evangelho além da própria banda Olodum?

Éééée…. Já ministrei para o Olodum como você mesmo falou, e já tive a oportunidade de ministrar para o Xand. Já tive a oportunidade de ministrar em uma igreja em Salvador que tem como pastor Ivo, um grande amigo, que é a igreja dos artistas. Já tive a oportunidade de pregar lá algumas vezes, de testemunhar, e pregar a Palavra. Em relação às pessoas maaaaaiissss… – (Nessa hora ele boceja, em razão mesmo do cansaço) – … acentuadas na mídia como Ivete Sangalo e outros que tem esse talento tremendo, temos a notícia de que eles assistiram ao nosso DVD e foram tremendamente impactados. Eu fiquei sabendo recentemente que até a Sandy e o Junior, o Xitãozinho e Xororó, se reuniram para assistir ao DVD. Dizem que foi algo muito tremendo. Então, aonde não tenho ido, Deus tem chegado com esse DVD, pela fé que se concretiza na minha vida que não sou eu, mas é a obra de Deus mesmo.

A própria Bahia então também tem sido impactada de alguma forma?

Ahhhh, a Bahia tá, de uma forma tremenda. A visão que nós temos é assim: a pessoa coloca o DVD no aparelho, e quando liga a televisão, Deus pula dentro da casa da pessoa (Lázaro, só risos…). Não é nós, não é o meu talento. É Deus mesmo que está fazendo.

Como se deu a formação da banda assim que se converteu? Como se conheceram, como se deram as coisas?

Comecei cantando voz e violão nos dois primeiros anos. Depois veio a gravação do primeiro CD, Deus é fiel em 2000, e comecei cantando com o play back. E depois veio o baixista, há cerca de cinco anos com essa idéia de formar a banda. Mas eu me tornei um pouco resistente porque eu vim de banda e sei como é. É um negócio meio complicado, né. Eu fui resistindo, resistindo, até que comecei a tocar só com esse baixista, e a gente usava o baterista da igreja local onde éramos convidados. Depois então veio o baterista e ficamos nós três tocando, e depois de um tempo o tecladista, e a banda foi crescendo, crescendo, e estamos aí, né!… Hoje somos cerca de onze pessoas.

O que mais te impressiona desde que se converteu ao longo de seu ministério?

O que mais me impressiona é o fato de ainda estar vivo. Cheguei na igreja vomitando e defecando sangue. Eu me converti não pra ser crente, mas pra morrer crente, porque pensei que eu ia morrer “mermo”. Eu senti o cheiro da morte. Fiquei cara a cara com ela. Senti mesmo quando Deus falou ao meu coração que Ele estava repreendendo a morte, que estava me dando mais um tempo de vida nessa Terra, pra que eu pudesse pregar o Evangelho. Cheguei na igreja entre a vida e a morte. Então, isso me impressionou muito. E o que me impressiona também é a atitude das crianças diante do nosso trabalho. As pessoas às vezes me falam: “Lázaro, grava um CD infantil”. E eu sempre falo: “Ah, eu já gravei” – (Risos) – “É desse aí que elas gostam, né! Eu vou mexer pra quê, se elas gostam assim… Deixa assim mesmo, né..” Eu acho legal CD infantil. Eu tenho CD infantil do Diante do Trono, de Aline Barros, e às vezes, a gente coloca para minhas filhas assistirem. É um material muito interessante, uma maneira bem eficaz de as crianças aprenderem a Palavra de Deus. Só que no nosso trabalho, a crianças já assistem assim mesmo do jeito que está. Então, por enquanto, eu prefiro não mexer. Pretendo não caracterizar realmente um trabalho só para as crianças. A gente vai deixando assim, até que Deus nos dê direção, como deu direção a esses ministérios que eu citei.

Você tem idéia de número de conversões desde que vem ministrando País afora?
Irmão Lázaro: Não tenho a menor idéia, mas posso lhe garantir que são milhares e milhares. Já temos 400 mil CD´s prensados e quase 200 mil DVD´s. Meu Deus! Todo mundo que assiste fala que tem uma pessoa na família se converteu… Eu acredito que já está passando da casa do milhão.

O que é a música pra você além de ministério?

A música está no meu sangue. A música para mim é minha vida. O maior presente que Deus já me deu foi colocar isso dentro de mim, o Espírito Santo ministrando música. Rapaz, é um negócio tão particular a música, uma coisa que vem tão de dentro. Cada vez que escrevo uma canção, é como se estivesse dando a luz a um filho. Eu me lembro muito de Ana quando estou escrevendo porque Ana ansiava tanto por uma criança, sofria tanto na mão de Penina, que assim que Deus lhe concedeu a gravidez, ela pegou seu primogênito e o entregou ao Senhor para servi-Lo todos os dias. Ela só desmamou Samuel, imagine, né! É como minhas canções. Eu escrevo as canções e só tenho a oportunidade mesmo de desmamar e depois coloco lá aos pés do Senhor e Deus faz o que Ele quer.

E essas canções são fruto de experiências pessoais, de meditações suas no dia a dia? Elas nascem em que circunstâncias?

Um profeta uma vez me falou nos Estados Unidos e outro na Feira de Santana, pessoas extremamente distintas, que usaram a mesma frase: que Deus às vezes me permite tristezas para arrancar de mim inspiração. Começa a vir uma inquietação, começam a acontecer coisas diferentes na minha vida. Cada CD é uma fase da minha vida e eu começo a escrever tantas experiências como a forma que eu me sinto, né. Como veio a música “Meu Mestre”: “A Deus eu entreguei / O barco do meu ser / E entrei no mar afora / Pra longe eu naveguei/ Não vejo o cais, só Deus e eu agora”. Foi uma fase de muuuuuita insegurança, de muuuuuuuita tristeza. E às vezes a gente tenta passar de uma forma poética o que a gente está sentindo, ou em uma forma direta também. Essas canções então nascem de momentos de grande aflição. Às vezes é como agora que estou aqui contigo, e de repente, nasce uma canção, e aí eu escrevo no papel, gravo, e depois Deus faz o que Ele acha melhor.

Que imagem você tinha antes dos crentes e a que você tem hoje?
Irmão Lázaro: (Lázaro só risos) Eu não gostava não. Achava-os ridículos, estranhos… Achava-os chatos, até quando me converti. Todas aquelas músicas da harpa… Mas depois, rapaz, não sei. Acho que Deus foi trabalhando no meu coração. Eu ainda continuo sendo um admirador de uma boa música. Mas eu amo os corinhos da harpa. Inclusive, eu faço questão de ouvir, gosto muito. Eu não sei porque não gostava, entende?! Era o inimigo mesmo na minha mente, no meu coração, tentando me afastar das coisas de Deus.

Em seu DVD você diz que muitos no meio evangélico se deixam levar pelo orgulho e pela soberba em relação à música e que muitos desses também vêem na música uma oportunidade para fazer carreira, dinheiro e sucesso e que você não se convertera e saíra do Olodum pra fazer na carreira, dinheiro e fama na música evangélica/cristã/gospel. Essa situação de ver orgulho e soberba entre músicos, ministros e ministérios cristãos é uma realidade que viu depois que começou a ministrar e ter contato com essas pessoas?

É como eu disse, a gente percebe nas pessoas, mas quando eu falo, eu gosto muito de falar de mim. Porque é assim, irmão: o que é que traz orgulho e soberba às vezes no músico? Uma das coisas que ajuda é o público e eu tenho falado sobre isso nos nossos eventos. Eu falo no DVD que cantor evangélico não precisa de segurança, e infelizmente hoje, quando a gente chega nos eventos, tem duzentas, trezentas pessoas nos pés das escadas, do palco, querendo autógrafo, querendo tirar fotos, e às vezes até toca na gente de uma forma indecente, às vezes agridem a gente, dá beliscão, dá “zunhada”, e às vezes eu preciso de auxílio de algumas pessoas para me ajudarem a chegar no carro. A gente fala de orgulho e soberba que não devem entrar no coração do homem, mas Deus nos provê, nos dá uma condição de vida abençoada. Aí você tem a condição de comprar um carro, a casa, e se você não toma cuidado, você acaba entrando por essa porta… Eu entendo que uma pessoa hoje que Deus exalta no Brasil inteiro. É muito fácil você falar de humildade quando você está lá, na situação que eu vivia… Já até desmaiei cantando, porque estava com fome, mas quando você vê dez mil pessoas chamando seu nome, rapaz, se você não tiver na Rocha mesmo, você começa a achar que é você. Eu tenho visto aí e às vezes a gente encontra algumas pessoas e eu falo essas coisas não como uma crítica, mas por advertência. Eu vejo nos olhos às vezes das pessoas que Deus tem levantado… Às vezes nos encontramos com alguns irmãos nos aviões, eles nem falam comigo… (Um curto, mas significativo silêncio de Lázaro, como que contendo as emoções). É um orgulho, uma pose, uma coisa assim terrível… Mas eu entendo isso. As pessoas não deixam às vezes elas em paz. Você sabe que eu gostaria hoje? De terminar um evento e poder andar no meio das pessoas, e não ter de tirar fotos… As fotos às vezes é legal; a gente quer levar uma recordação, as pessoas querem levar… Eu não me importo, mas o flash me dá dor de cabeça… Eu queria que as pessoas não ficassem gritando quando terminam o show, a ministração, querendo me pegar, essas coisas todas. Eu detesto essas coisas.

Você vê isso então como tietagem?

Éehhhhhhhh… E não falo isso porque sou cristão, porque sou santo… Não tem nada a ver com religião, com igreja, com o Evangelho. É porque eu acho chato. Você está num culto cantando, pregando, e quando você desce, está lá o povo querendo rasgar sua roupa… (Risos). Pelo amor de Deus… Isso é uma violência, um descontrole emocional. Eu falo assim que não tem nada a ver com o Evangelho para que as pessoas entendam que eu não estou querendo dar uma de super crente. Na verdade, nem sou. Se só existisse uma pessoa na face da Terra que precisasse da misericórdia de Deus, essa pessoa seria eu. Como já disse, tenho meus acertos, meus erros. Mas eu não gosto disso, é chato… Agora, eu gosto das crianças, de recebê-las, de abraçá-las. Mas como uma irmã mesmo me dá uma carta dizendo que Deus falou com ela dizendo que vai casar comigo, eu acho isso ridículo, uma coisa horrível. É chato isso aí. Eu falo no meu DVD que Deus está gerando a minha grande vitória. Tem pessoas que estão mandando cartas dizendo que elas são minha grande vitória. Não tem nada a ver com mulher aquilo ali que eu falo. Tem nada a ver. Meu Deus, não estava nem lembrando que existia mulher no mundo quando falei aquilo. (Risos). Mas eu entendo. Eu falo no DVD de uma forma muito segura sobre essa questão de soberba, vaidade, orgulho, e às vezes, se a gente não tomar cuidado, as pessoas que nos ouvem nos empurram para isso.

Planos e projetos?

Se Deus me der vida, o próximo DVD. Quem sabe, daqui há dois anos.

Algum convite para o exterior?

Vários, o tempo todo. Só que creio que agora não é um bom momento. Estou dando um tempo. Quem sabe o ano que vem!

Tem idéia ou vontade de escrever algum livro?

A gente tem sido cobrado em relação a isso, mas confesso que estou sem forças pra escrever (Risos). Mas me sentiria mais feliz escrevendo confissões, falando das minhas fraquezas, das minhas derrotas, para que as pessoas percebam que por mais que Deus nos dê ânimo, nos levante, a gente continua ser humano.

Esse é o seu quinto álbum gravado. Quando foram gravados o anteriores?

Se não me falho a memória, gravei o primeiro, Deus é Fiel, em 2000; o segundo, Eu Te Agradeço, em 2001; o terceiro, Conte a Deus, em 2004; o quarto, Meu Mestre, em 2006; e esse último, Eu Te Amo Tanto, no ano passado.

Você também é convidado para ministrar em eventos não evangélicos não é isso?

Na verdade, quando somos convidados para esses eventos, costuma ser pelas prefeituras. São eventos evangélicos, como o Dia do Evangélico, aniversário da Bíblia, essas coisas que as pessoas fazem nas cidades. Mas ainda não tivemos a oportunidade de sermos convidados para um evento secular. Já participamos assim: existe algumas prefeituras que fazem sua micaretas e se propõe aos pastores um dia do evento para os evangélicos. E tem pastor que tem coragem, abraça o projeto e convida a gente. Agora mesmo em Porto Seguro, no carnaval (desse ano), colocaram a gente pra tocar no meio do evento. Foi um negócio tremendo. Foram muitas conversões. Teve um rapaz que tentou subir no palco pra me agredir. Ele gritava: “Eu vou lhe matar, eu vou lhe matar”, e que com medo. Porque a gente sabe que Deus guarda, mas é como diz o apóstolo Paulo: “Eu fui apedrejado, eu tomei soco, tomei chicotada…” (Risos). Eu confesso, se aprouve a Deus que eu passe por isso, tudo bem, mas não é o que eu quero não. (Risos).

Você tem idéia de público que tem comparecido às suas ministrações?

Normalmente se esgota a capacidade do local.

Com certeza, você conhece o Diante do Trono e Ana Paula Valadão. Que palavrinha diria a ela e acerca do Ministério?

Ana Paula Valadão deve ter sofrido muito essa coisa da tietagem, das pessoas de certa forma até endeusarem-na. Ela foi usada pra mudar a história da música evangélica no nosso País. Você vê que a nova fase do evangelho no Brasil começou com o Diante do Trono. Eu cantava uma música dessa banda, que diz assim (e Lázaro, de olhos fechados, ao seu modo, solta a voz): “Ao cheiro das águas brotaráááááááaa….. Como planta nova floresceraááááaa…” eu gostava muito dessa canção (do álbum Águas Purificadoras, gravado em 2000). Eu gostava muito dessa canção. Cantei também durante muito tempo aquela canção (e de novo, Lázaro em “a capela”): “…Te agradeçoooooo…” E a coisa foi mudando, a banda Diante do Trono veio crescendo, crescendo, crescendo, crescendo, e Deus fez o que tinha que fazer, e nesse rastro divino, estamos indo todos nós.

Se tivesse a oportunidade de falar para os do mundo inteiro que ainda não conhecem a Jesus, o que diria?

Se aproximem de Deus. “Ah, eu não gosto de igreja”, talvez digam. Faça então uma aliança com Deus, e deixa Ele decidir o que é melhor para sua vida.

Uma palavrinha aos baianos crentes e não crentes e também aos mineiros crentes e não crentes que têm no axé uma paixão.

A música está em nós. Vamos usar essa música para louvar a Deus, para engrandecer o nome do Senhor. Se aproxime de Deus. Eu normalmente aconselho as pessoas que se aproximem de Deus, e depois Deus aproxima essas pessoas da igreja. O primeiro contato é bem melhor que seja feito com o Senhor dos Exércitos, e depois, Deus vai nos pegar pelas mãos e nos colocar nos lugar que Ele quer que venhamos a aprender mais sobre Ele.

Um sonho pessoal e ministerial.

A nível pessoal, meu sonho é ser tão crente quanto as pessoas pensam que eu sou. E a nível ministerial, eu penso em continuar sendo bênção para a vida das pessoas, e que Jesus guarde o meu coração da soberba.

Uma palavrinha final aos nossos internautas. Ou de alerta, de fé, de encorajamento, e também aos músicos e ministros cristãos que também têm ministrado País a fora.

Em relação aos que estão louvando a Deus, os músicos, que Deus guarde o coração deles, que eles procurem meditar, ter paciência, evitar a vingança; procurar aprender a perdoar, a pedir a Deus misericórdia. Falo não como quem já tenha conseguido isso na sua totalidade, mas além de poder falar das experiências maravilhosas que eu tenho tido com o perdão, eu também posso falar das experiências terríveis que eu tenho tido quando eu não consigo perdoar. Então, que Deus possa guardar o coração de cada levita, de cada músico. E a minha palavra para todos os internautas, para todos que estão lendo essa material, é que vocês me ajudem em oração. Me ajudem, porque eu careço muito de oração; eu preciso de ajuda pra continuar nessa peleja. A Bíblia diz que a oração do justo é eficaz, ela é tremenda, e eu tenho certeza que se você orar por mim, Deus vai fazer coisas grandes e maravilhosas. Não por mim, mas através de mim.

Fonte: Site da Lagoinha

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