Mais de 3 milhões de muçulmanos jogaram pedras ontem num muro nos arredores de Meca, rasparam a cabeça e sacrificaram animais, como parte dos rituais do terceiro dia do haj – a peregrinação a Meca, que é um dos cinco pilares do islamismo e deve ser realizado pelo menos uma vez na vida por todos os muçulmanos que tiverem condições financeiras e físicas.
Muitos chegaram ao muro, em Mina, com os pés inchados e pernas doloridas após caminhar por 20 quilômetros pela região de Muzdalifa. Durante jornada, feita durante a noite, os peregrinos coletam ao menos 49 pequenas pedras para o ritual conhecido como apedrejamento do demônio.
A cerimônia lembra a passagem na qual satã tentou dissuadir Abraão de seguir a ordem de Deus para que sacrificasse seu filho. As pedras representam Abraão rejeitando o demônio e a crença em sua fé.
O ritual do apedrejamento é considerado o momento mais perigoso do haj, já que há uma grande concentração de pessoas. No haj do ano passado, 362 peregrinos morreram pisoteados durante a cerimônia, que reuniu cerca de 2 milhões de muçulmanos.
Ontem também foi o dia do sacrifício, no qual os peregrinos matam um animal, geralmente um carneiro, mas que também pode ser uma cabra, uma vaca ou uma camelo. O ritual é para lembrar quando Deus permitiu que Abraão sacrificasse um cordeiro no lugar de seu filho. A maioria dos peregrinos não vê o animal sendo morto. Eles compram cupons e confiam às autoridades sauditas o sacrifício. A carne dos animais é doada aos pobres.
A maioria dos peregrinos que chegou ontem em Mina, após passar pelo Monte Arafat, fica na cidade por dois dias, para ler o Alcorão e se purificar. O governo saudita ergueu tendas em extensos terrenos no local para abrigar os muçulmanos, mas alguns deles preferem acampar nas montanhas da cidade.
Em seguida, os peregrinos voltam a Meca, o lugar mais sagrado do islamismo, para encerrar o haj. Lá, eles contornam sete vezes a Caaba – um bloco de pedra negra localizado no centro da grande mesquita da cidade, a Masjid al-Haram. Os peregrinos acreditam que a Caaba foi erguida por Abraão e por seu filho.
Em seguida, eles fazem a oração final e pedem a Deus que aceite sua peregrinação. Apesar de não ser obrigatório, muitos peregrinos deixam Meca e seguem até a cidade de Medina, onde visitam a mesquita do Profeta Maomé, seu túmulo e o de sua filha, Fátima.
Apesar de ser realizado entre uma multidão, o haj é uma cerimônia solitária, onde cada um deve se comunicar diretamente com Deus. O haj começa sempre no oitavo dia do mês lunar islâmico, conhecido como Dhul Hijja.
Dia-a-dia do Haj
Meca – É na cidade mais sagrada do mundo islâmico que começa a peregrinação de 3 milhões de muçulmanos
Monte Arafat – É para lá que os peregrinos seguem, após partir de Meca. No local ocorre o momento mais espiritual da peregrinação, quando os fiéis pedem perdão
Apedrejamento do demônio – Ritual no qual se atira pedras em um muro e se lembra o momento em que Abraão resistiu às tentações de satã.
Sacrifício de um animal – Simboliza o carneiro que Abraão sacrificou no lugar de seu filho
Retorno a Meca – Os peregrinos se reúnem na mesquita da cidade e têm de dar sete voltas na Caaba, um bloco de pedra negra considerado sagrado pelo Islã
Fonte: Estadão