Fadi Zara perdeu a irmã e a mãe devido a perseguição violenta do Boko Haram. (Foto: Reprodução/Open Doors).
Fadi Zara perdeu a irmã e a mãe devido a perseguição violenta do Boko Haram. (Foto: Reprodução/Open Doors).

Cristãos do Camarões, especialmente da região do extremo norte entre a Nigéria e o Chade, crescem sabendo que são alvos do Boko Haram por crerem em Jesus.

Fadi Zara viveu essa realidade. A jovem cristã já escapou 5 vezes de ataques terroristas, fugindo de uma aldeia a outra, para salvar sua vida.

A violência do grupo extremista na região de fronteira entre Camarões, Chade e Níger já é comum.

A região remota e com desertos abertos, como o lugar onde Fadi morava, tornou os moradores cristãos vulneráveis a terroristas, que trabalham para exterminar a igreja.

“Zona Vermelha”

Chamada de “Zona Vermelha”, a Missão Portas Abertas já registrou mais de 41 ataques contra aldeias da área.

Os crentes do extremo norte do Camarões, agricultores de subsistência, enfrentam, cada vez mais, risco de sequestros e assaltos enquanto trabalham em suas fazendas.

Fadi cresceu na aldeia agrícola de Barawa com seu pai, mãe e irmã. Em 2013, o Boko Haram atacou e devastou sua aldeia.

“Eles vieram à noite e mataram muitas pessoas e queimaram nossas igrejas. Então, fugimos pela fronteira para a aldeia Vreket”, contou a jovem.

Em Vreket, a família de Fadi viveu mais um ataque do grupo, que saqueou e queimou as casas dos aldeões. Eles fugiram para a aldeia vizinha Laoudzaf e foram atacados pela terceira vez.

“Eles sequestraram muitas mulheres. Depois de sermos atacados três vezes, fugimos para Zeleved”, lembrou Fadi.

Vivendo em constante perigo

Em Zeleved, a família cristã viveu em paz e segurança por alguns anos. Durante o dia, eles trabalhavam dentro das casas e nas plantações, tentando cultivar alimento para sobreviver.

Antes do pôr do sol, a família subia as montanhas para passar a noite na floresta, uma estratégia para se proteger de possíveis ataques à aldeia pela noite. 

“Tivemos que passar a noite nas montanhas. De manhã, voltávamos para nossas casas e trabalhávamos em nossas fazendas. Mas ao anoitecer, íamos para a floresta dormir lá”, contou Fadi.

Porém, o que mais temiam aconteceu. Certa noite, terroristas do Boko Haram atacaram a aldeia.

“Ouvimos tiros. O Boko Haram estava novamente em nossa aldeia. Eles atacaram durante a noite. Eu não posso contar o número de pessoas que eles mataram”, lamentou Fadi.

Hoje, ela vive sozinha em um campo para deslocados internos na cidade de Koza. Sua irmã mais nova foi sequestrada pelo Boko Haram em 2015 e sua mãe morreu duas semanas depois, traumatizada pela perda da filha caçula.

Órfã, mas sustentada por Jesus

“O nome da minha irmã era Vusa. Ela tinha 14 anos quando a sequestraram. Ela foi para a fazenda com seus amigos, mas não voltou com eles. Algumas pessoas dizem que a mataram. Alguns dizem que não podem matar uma jovem assim. Eles vão se casar com ela como sua esposa”, disse Fadi.

“Minha mãe testemunhou [a morte] de muitos de nossos vizinhos, ela viu seu sangue no chão. E então eles sequestraram a filha dela. Então, ficou hipertensa e morreu”.

Depois de perder sua família, casa e sustento, Fadi enfrenta traumas emocionais da perseguição. 

“Mesmo quando quero dormir, não consigo. Muitas coisas vêm como uma visão ou sonhos. E toda vez estou chorando porque sou órfã”, revelou ela.

Mesmo vivendo a dor da perseguição violenta por causa de Jesus, a jovem não perdeu sua fé.

“Preciso que Deus esteja comigo em todas as situações, para ter seu maravilhoso poder em minha vida. Para eu ver seu rosto no final do dia”, declarou Fadi.

Recentemente, a Portas Abertas distribuiu kits de ajuda emergencial para mais de 3 mil cristãos em Camarões, que necessitavam de comida, incluindo Fadi.

“Peguei arroz, peixe, balde, sabão e milho. Uma esteira, papel de embrulho e óleo vegetal. Todas essas coisas, estou surpresa por conseguir isso na minha vida hoje. Eu estou muito muito feliz”, comemorou a cristã.

Fonte: Guia-me com informações de Portas Abertas dos EUA

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