O líder da Igreja Católica irlandesa, o cardeal Sean Brady, descartou nesta segunda-feira, 15, renunciar ao cargo, apesar de admitir ter encoberto crimes de pedofilia cometido por um padre no país. O cardeal disse que só deixa o cargo se o papa Bento XVI assim lhe pedir.
Brady investigou o caso de duas crianças abusadas pelo reverendo Brendan Smyth em 1975 e fez os menores jurar que nunca iriam contar as denúncias para pessoas fora da Igreja.
O cardeal disse ter feito isto por conta de uma cultura de silêncio e segredo na Igreja sobre estes assuntos. “Eu sabia que eram crimes, mas não senti que era minha responsabilidade denunciar isto para a polícia. Agora eu sei que não deveria ter feito isto. Mas na época eu estava cumprindo ordens”, disse.
Smyth estuprou ao menos 90 crianças na Irlanda, no Reino Unido e nos EUA entre 1948 e 1993. Sua ordem, os Norbertinos, lhe deram abrigo na Irlanda em 1991 após uma família de Belfast denunciar à polícia o abuso de seus quatro filhos.
Ele foi preso em 1994 e extraditado para a Irlanda do Norte, onde foi condenado por abusar de cinco garotas e dois meninos em Belfast. Ele ficou três anos preso. Em 1997, o padre admitiu o estupro de 20 meninos e meninas entre 1958 e 1993. Ele morreu na prisão enquanto cumpria uma pena de 12 anos.
Reação do papa
Até agora o papa não aceitou a renúncia de três outros bispos irlandeses acusados de encobrir casos de pedofilia em Dublin.
Bento XVI deve publicar uma carta pastoral endereçada aos católicos irlandeses. Um oficial do Vaticano, o arcebispo Rino Fisichella disse que o papa deve falar com uma voz ‘clara e decisiva’ sobre a questão.
Fonte: Estadão