Desde a última quinta-feira (16), a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias não deseja mais que ele seja abreviado ou substituído pelo termo “mórmon”.
A decisão aconteceu após o presidente da igreja, Russell M. Nelson, emitir um comunicado na mesma quinta-feira dizendo que sua mente foi tocada pelo “Senhor” para a importância do nome “que Ele revelou para Sua Igreja”.
“Nós temos trabalho à nossa frente para nos colocarmos em harmonia com Sua vontade”, prosseguiu Nelson. Segundo ele, nas próximas semanas líderes da Igreja e departamentos começarão a estudar como implementar a decisão, e informações adicionais serão liberadas nos próximos meses.
A igreja também atualizou o guia de estilo com as novas diretrizes. Pela cartilha, ao se referir a membros da igreja, os termos a serem usados são “membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias” ou “Santos dos Últimos Dias”.
Já a primeira referência à igreja deve ser feita pelo nome completo: Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conforme consta na chamada “primeira visão” da Igreja, de 1838. Se for necessário abreviar, substituir por “a Igreja” ou “a Igreja de Jesus Cristo”. Ou pela opção “a Igreja restaurada de Jesus Cristo”.
No comunicado, Nelson também pede que o termo “mórmon” não seja usado. “Enquanto o termo ‘Igreja Mórmon’ foi publicamente aplicado à igreja como um apelido, não é um título autorizado, e a Igreja desencoraja seu uso”, afirma.
Igualmente desestimuladas são as abreviações “LDS” ou “Mórmon” para se referir à Igreja, como em “Igreja Mórmon”, “Igreja LDS” ou “Igreja dos Santos dos Últimos Dias”.
A nota diz ainda que o termo “Mórmon” é corretamente usado se aplicado a nomes próprios, como em Livro de Mórmon, ou quando usado como adjetivo em expressões históricas, como Trilha Mórmon.
Já o termo “Mormonismo” é pouco acurado e não deveria ser usado. Segundo o documento, ao descrever a combinação de doutrina, cultura e estilo de vida adotado pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, é preferível o termo “o evangelho restaurado de Jesus Cristo”.
Richard Bennett, professor de história e doutrina da igreja da Universidade Brigham Young University, explica que, inicialmente, a palavra mórmon foi aplicada pejorativamente para se referir aos membros da Igreja.
Aos poucos, o termo começou a ser usado por membros, mas o uso nunca foi iniciativa da Igreja.
“O nome é reconhecidamente longo e alguns, principalmente de fora da Igreja e certamente no mundo acadêmico, provavelmente vão nos chamar por apelidos mais curtos”, diz Bennett.
O nome completo da Igreja, continua, é “único porque nos diferencia de outras fés cristãs e também captura e solidifica nossa crença central em Cristo”.
O comunicado também toca num tema controverso, a poligamia associada aos membros da Igreja. Segundo o texto, quando houver referência a pessoas e organizações que praticam a poligamia, é preciso deixar claro que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias não é afiliada a grupos poligâmicos.
O termo “mórmon” começou a ser aplicado à Igreja e seus membros no fim do século 19, e foi abraçado por integrantes da congregação no século 20, segundo o historiador Matthew Bowman, citado pelo jornal The New York Times.
Fonte: Folha de São Paulo