Catorze líderes religiosos, entre eles o arcebispo sul-africano Desmond Tutu e o Dalai Lama, fizeram um apelo nesta terça-feira em favor da assinatura de um tratado internacional sobre o comércio de armas, que salvaria “centenas de milhares” de vidas, e classificaram a violência vivida em favelas brasileiras como algo “terrível”.

“É uma história terrível a que se passa nas favelas do Brasil, nos conflitos do Oriente Médio e nos massacres de Darfur. E a maioria das vítimas não é formada por combatentes, e sim por cidadãos comuns, mulheres e crianças”, avaliaram os líderes de diversas confissões em carta aberta publicada na edição desta terça do jornal britânico Times.

“O mundo está repleto de armas”, ressaltaram os signatários da nota, lembrando que “é muito comum estas armas caírem em mãos erradas e serem usadas contra inocentes”.

O apelo dos líderes religiosos foi feito após a publicação de um relatório que denuncia que os comerciantes de armas se aproveitam da ausência de um quadro jurídico internacional capaz de coibir a comercialização de armamento envolvendo pessoas pouco conscientes dos valores dos direitos humanos, ou mesmo com Estados submetidos a embargos.

“Apesar do número incessante de mortos, não existe um tratado global que possa reger as vendas de armas convencionais”, lamentaram os líderes religiosos, que ressaltaram que só um tratado desta natureza “terá o poder de salvar centenas de milhares de vidas”.

O apelo do grupo, sob o título de “Controle as Armas”, é dirigido a governos, para que estes possam “agir urgentemente na imposição de um controle sobre o comércio de armas”.

Burlando a lei

Nesta segunda-feira, um relatório intitulado “Armas sem fronteiras”, publicado por um grupo que reúne a Anistia Internacional, a Oxfam Internacional e a Rede de Ação Internacional sobre Armamento Leve (Iansa), entre outras, ratificou que a globalização da indústria de armas tira proveito do vazio deixado pela legislação atual.

Segundo o relatório, companhias norte-americanas, européias e canadenses enganam a lei vendendo armas em peças separadas ou fomentando a contratação de empresas terceirizadas para dar continuidade a suas atividades com empresas regionais.

Além de Desmond Tutu e do Dalai Lama, a lista de signatários do apelo inclui o ex-bispo de Oslo, na Noruega, Gunnar Staalsett, o pastor norueguês Olav Fykse Tveit e o imã Moussa Mohammed, responsável pela mesquita de Abuja, na Nigéria.

Fonte: Lusa

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