A decisão do governo de Israel de incluir dois disputados santuários religiosos situados em território ocupado da Cisjordânia na lista do patrimônio nacional do país provocou críticas da ONU e alertas dos palestinos para o risco de um novo ciclo de confrontos.
Rachada por profundas diferenças internas, a liderança palestina em Gaza e na Cisjordânia reagiu com indignação, acusando Israel de um plano para apropriar-se de locais sagrados para o islã.
Os dois locais bíblicos, o Túmulo dos Patriarcas de Hebron e o Túmulo de Raquel, em Belém, são considerados sagrados por judeus e muçulmanos e constituem foco constante de tensão. Ambos ficam em áreas controladas por Israel que os palestinos reivindicam como parte de seu futuro Estado.
O anúncio que irritou os palestinos foi feito no domingo pelo premiê israelense, Binyamin Netanyahu. Ele atendeu ao pedido do partido ultraortodoxo Shas e de grupos de colonos judeus de adicionar locais de culto do Velho Testamento a um programa de reformas do patrimônio nacional.
No dia seguinte, palestinos entraram em choque com soldados israelenses em Hebron. Em Belém foi decretada greve geral de três dias.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse ontem que por trás do anúncio de Netanyahu há um plano israelense de “roubar” o legado palestino. “É uma provocação séria, que pode levar a uma guerra religiosa”, alertou.
Na faixa de Gaza, um dos líderes do grupo radical Hamas, que controla o território, pediu uma nova intifada (rebelião).
O governo de Israel diz que apenas cumpre com a sua obrigação de garantir a liberdade de culto a todas as religiões nos locais sagrados, e acusou os palestinos de montar “uma campanha de mentiras e hipocrisia”. O plano de Israel prevê R$ 243 milhões para reabilitar cerca de 150 “sítios arqueológicos e de legado sionista”.
O Túmulo dos Patriarcas, em Hebron, é o segundo local mais sagrado para o judaísmo, depois do Muro das Lamentações, em Jerusalém. É chamado pelos muçulmanos de mesquita al Ibrahimi, já que Abraão também é considerado o pai do islã.
Fonte: Folha de São Paulo