Pelo menos 41 pessoas tiveram a morte confirmada após um incêndio provocado por um curto-circuito durante a missa realizada neste domingo, 14, em uma igreja cristã copta do Cairo, a capital do Egito. A tragédia aconteceu no templo localizado no bairro de Imbaba, a oeste do rio Nilo.
O governo decretou luto no país, que conta com a maior comunidade cristã do Oriente Médio, com cerca de 15 milhões de fiéis. Testemunhas relataram que algumas pessoas tentaram entrar na igreja em chamas para resgatar as pessoas presas em seu interior, mas acabaram desistindo por conta do calor e da fumaça.
“Os que podiam retiravam crianças do edifício”, disse à AFP Ahmed Reda Baiumy, que vive ao lado do templo.
O balanço provisório, tanto da Igreja Copta do Egito como do Ministério da Saúde, é de 41 mortos e 14 feridos. As perícias iniciais indicam que o acidente “começou em um ar-condicionado no segundo pavimento da igreja”, onde também funcionam os serviços sociais.
O presidente do país, Abdel Fattah al-Sisi, indicou em seu perfil do Facebook que havia ordenado “mobilizar todos os serviços do Estado para garantir a aplicação de todas as medidas” requeridas na ajuda às vítimas.
Sisi também indicou que havia apresentado suas “condolências por telefone” ao Papa copta Tawadros II, líder da comunidade cristã do Egito desde 2012.
O governador de Gizé, em cuja jurisdição se encontra o distrito de Imbaba, se dispôs a entregar “uma ajuda urgente de 50 mil libras egípcias (cerca de US$ 2.600) às famílias dos mortos e de 10 mil libras (US$ 520) aos feridos”.
O grande imã da Universidade de Al Azhar, a instituição muçulmana de maior prestígio do Egito, ofereceu suas condolências por este “trágico acidente” e indicou que “os hospitais de Al Azhar estão prontos para receber os feridos”.
O padre Farid Fahmy, de outra igreja copta do mesmo bairro, disse à AFP que o drama foi provocado por um curto-circuito.
“A eletricidade estava cortada e estavam usando um gerador. Quando a eletricidade foi restabelecida, houve uma sobrecarga”, detalhou.
Acidentes deste tipo não são raros no Egito, que tem infraestruturas antigas. Em março de 2021, pelo menos 20 pessoas morreram no incêndio de uma fábrica têxtil nos subúrbios do leste da capital. Em 2020, 14 pessoas morreram nos incêndios de dois hospitais que atendiam pacientes com covid-19.
Na última segunda, um incêndio eclodiu em uma igreja copta do distrito de Heliópolis, no Cairo, mas sem que houvesse registro de mortos ou feridos. Embora sejam numerosos, os coptas se consideram marginalizados de muitos postos na função pública e se queixam de uma legislação muito rigorosa para construir igrejas, sem comparação com as facilidades encontradas para erguer uma mesquita.
O tema é sensível e o militante copta de direitos humanos, Patrick Zaki, ficou preso por 22 meses recentemente por “difundir informações falsas” em um artigo no qual denunciava a violação dos direitos dos cristãos no Egito.
Os coptas foram alvo de uma onda de ataques em 2013, quando grupos islamistas incendiaram igrejas, escolas e residências dessa comunidade em represália pela derrubada do então presidente islamista Mohamed Mursi pelo atual mandatário Sisi.
Desde então, Sisi comparece à missa de Natal dos coptas e, recentemente, nomeou pela primeira vez na história do Egito um juiz copta à frente do Tribunal Constitucional.
Folha Gospel com informações de O Dia e SIC Notícias