Duas igrejas foram incendiadas neste domingo depois de serem atacadas por encapuzados em meio a uma grande manifestação pelo primeiro aniversário do início dos protestos sociais no Chile e a uma semana do processo eleitoral mais importante das últimas três décadas: o plebiscito de 25 de outubro, que definirá o destino da constituição vigente, de 1980.
A capela dos Carabineiros San Francisco de Borja, que foi continuamente atacada nesses meses, e a Igreja da Assunção, nas proximidades da Praça Itália em Santiago, foram as duas igrejas incendiadas. Em diferentes regiões da capital foram registrados saques a supermercados e barricadas no começo da noite.
A estrutura da Igreja da Assunção foi atacada por manifestantes encapuzados no momento em que várias horas de manifestação pacífica ocorreram ao redor da Praça Itália, onde eles comemoraram o início dor protestos de 18 de outubro de 2019.
Quando a igreja pegou fogo, bombeiros e equipes de resgate fizeram uma cerca para evitar que o colapso da estrutura atingisse as pessoas.
“Deixa cair, deixa cair”, gritaram alguns encapuzados, que festejaram a subsequente queda da cúpula da igrejinha, também conhecida como “freguesia dos artistas”, segundo a imprensa chilena.
Desde cedo, os manifestantes – na maioria jovens, mas também famílias e idosos – compareceram à Praça Itália, rebatizada pelos manifestantes como “Praça da Dignidade”, para comemorar o dia em que “o Chile acordou”, como afirmam os manifestantes, mas também para se reunir novamente em um grande protesto após meses de pausa devido à pandemia.
Embora a Polícia tenha chegado cedo ao local, parte do efetivo se retirou com o aumento do número de manifestantes na praça, coberta por cartazes e bandeiras. Somente no começo da noite, alguns efetivos retornaram.
A manifestação deste domingo acontece uma semana antes do plebiscito em que os chilenos vão decidir se mudam ou não a Constituição que permanece como herança da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
O referendo foi convocado após um amplo acordo político alcançado após semanas de protestos violentos no ano passado.
Várias pesquisas apontam que a opção de aprovar a mudança constitucional poderá vencer com mais de 60% dos votos, após um ano em que a demanda por maior bem-estar social tem um apoio transversal na sociedade, além de uma forte condenação à violência nas ruas.
Fonte: AFP, UOL e El País