Manifestantes realizaram uma passeata neste domingo na cidade de Samsun, no norte do país, próxima ao Mar Negro, contra o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, partido islâmico no poder) contra o aumento da influência religiosa no governo turco, aumentando a pressão sobre o governo de base islâmica antes das eleições gerais antecipadas marcadas para julho.

“Não queremos a ‘sharia'”, “a Turquia é laica e sempre será laica”, “Somos turcos, somos kemalistas e somos fortes” eram algumas das palavras de ordem dos manifestantes, que também pediram a unidade dos partidos laicos contra o AKP.

Deniz Baykal, chefe do Partido Republicano Popular (CHP), o principal na oposição, e Zeki Sezer, líder do Partido Democrático de Esquerda (DSP), foram ao encontro de hoje, após formar uma aliança por causa da pressão do público.

Mais de 2.000 policiais foram posicionados em uma praça onde se reuniram os adversários do partido governante islâmico em Samsun, cidade de cerca de 360 mil habitantes no norte da Turquia. Segundo estimativa divulgada pela agência de notícias Associated Press, cerca de 20 mil pessoas participaram da manifestação.

O protesto de hoje foi o mais recente dos que vêm sendo realizados contra o governo islâmico do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, após outros similares ocorridos nas últimas semanas em Istambul, Manisa, Canakkale, Mersin e Esmirna, contra a candidatura à Presidência do atual ministro de Exteriores, Abdullah Gül, do AKP, e uma suposta islamização do país.

Na último dia 13 mais de 1 milhão de pessoas tomaram as ruas da cidade de Izmir para exigir que a Turquia continue a ser um Estado secular. Ruas e prédios desta que é a terceira maior cidade turca ficaram cobertos por um mar de bandeiras vermelhas da Turquia e retratos de Mustafa Kemal Ataturk, o reverenciado fundador do Estado moderno do país.

Eleições

O premiê da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, foi forçado a convocar eleições parlamentares antecipadas depois de um impasse que paralisou a escolha do novo presidente do país. Hoje, a eleição do presidente é indireta e realizada no Parlamento.

A elite secular turca –que inclui os partidos de oposição, juízes e generais do Exército– conseguiu bloquear a eleição de Gül. Eles temiam que, se eleito, Gül tentasse minar a separação entre o Estado e a religião na Turquia –o que ele e o AKP negam.

Reforma eleitoral

O Parlamento turco, além de antecipar as eleições, também aprovou um pacote de emendas constitucionais que inclui a eleição do presidente da República por sufrágio universal.

A principal disposição aprovada prevê a eleição do presidente por sufrágio universal em dois turnos para um mandato único de cinco anos, renovável apenas uma vez, e não mais uma eleição pelo parlamento para um mandato único de sete anos. O projeto também contempla eleições gerais a cada quatro anos em vez de cada cinco como atualmente.

Fonte: Folha Online

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