Equipe de segurança sugere alterações na programação; prefeito se diz preocupado com dispersão de fiéis.
A menos de uma semana da chegada do papa Francisco ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, o risco de manifestações de rua e a preocupação com a segurança devem alterar a agenda do pontífice no Rio.
Os responsáveis pela proteção ao papa no Brasil — Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Exército e Polícia Federal– discutem com a equipe do Vaticano alterações na programação para preservar a comitiva oficial e os fiéis que estarão na cidade.
A principal mudança envolve a solenidade de boas vindas a Francisco, com a presença do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes, prevista para as 17h de segunda-feira no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense.
Policiais e militares entendem que o prédio não é seguro. Para o mesmo local, está programado encontro reservado do papa com a presidente Dilma Rousseff.
O palácio é alvo de vários protestos e uma manifestação contra os gastos públicos no megaevento católico já foi convocada pelas redes sociais. Uma das opções estudadas para a recepção é a Base Aérea do Galeão onde o papa desembarcará.
Desde o início das manifestações, a ideia da equipe de segurança é reduzir ao máximo o deslocamento terrestre do papa no Rio.
A equipe teme que o pontífice fique retido no meio de uma manifestação. Estão em debate a suspensão de alguns compromissos e a troca de locais, com aviso aos convidados na última hora.
A recepção para empresários, políticos e representantes da sociedade, marcada para o Theatro Municipal, no centro, por exemplo, dependerá da acolhida popular no início da jornada.
A festa está prevista para o sábado, dia 27, logo após uma missa na catedral metropolitana. O papa faria o trajeto de pouco mais de um quilômetro de papamóvel.
Apesar da tensão com os iminentes protestos de rua, o Vaticano pretende evitar grande aparato militar em torno do pontífice.
Ontem, a Polícia Federal recebeu o pedido da igreja de dispensar a equipe de intervenção tática (formada por policiais de fuzis) do comboio que acompanharia Francisco em Copacabana. Haverá apenas policiais com pistolas nos veículos próximos.
[b]DISPERSÃO[/b]
Eduardo Paes também mostrou preocupação com a mobilidade e a dispersão do público. Mais de 5 milhões de pessoas devem circular pela cidade, que receberá cerca de 800 mil turistas durante a Jornada Mundial da Juventude.
“Tudo é preocupante”, disse. “Você imagina que Copacabana vai ter um Natal e dois Réveillons ao mesmo tempo. Depois, Guaratiba tem mais um Réveillon.”
Em Copacabana, ocorrerá a acolhida ao pontífice, no dia 25, e a via Sacra, no dia 26.
Para cada evento está previsto público de 1,5 milhão de pessoas –além do 1,2 milhão estimado para a missa de encerramento em Guaratiba (zona oeste).
Segundo Paes, a dispersão do público após a missa demorará cerca de 10 horas. Haverá um show para manter as pessoas no local.
Distante 60 km do centro do Rio, o bairro de Guaratiba é de difícil acesso.
A recomendação é usar transporte público. Para chegar ao local da missa, os peregrinos terão de caminhar 13 km –a peregrinação é tradicional do evento.
[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]