O Ministério Público Federal resolveu entrar na polêmica sobre as religiões de matriz africana no centro ecumênico da Vila Olímpica. Na sexta-feira, 8, a promotoria recomendou ao comitê organizador dos Jogos que a umbanda e o candomblé sejam incluídos no centro que atenderá atletas olímpicos no Rio de Janeiro.

Horas depois, a Defensoria Pública da União também se manifestou pedindo que os Jogos criem “um ambiente de convivência entre atletas das mais variadas religiões”.

O comitê tinha anunciado que [url=https://folhagospel.com/modules/news/article.php?storyid=32384]apenas cinco doutrinas milenares seriam contempladas, cristianismo, islamismo, budismo, judaísmo e hinduísmo[/url], o que provocou a reação de grupos que defendem religiões de matriz africana.

Na visão de críticos, a exclusão dessas doutrinas seria uma forma de intolerância.

O comitê terá cinco dias para responder à recomendação, “sob pena de impetração de medida judicial cabível em caso de inércia ou descumprimento.”

Antes disso, a organização já marcou uma reunião para a próxima semana com líderes religiosos da umbanda e do candomblé “para tentar chegar a um acordo, porque isso está repercutindo muito mal”, disse a umbandista Fátima Damas, fundadora da Comissão de Combate à intolerância Religiosa. “Já estava até preparando uma ação judicial sobre o tema”, afirmou o babalawo Ivanir dos Santos, ligado ao candomblé.

Ambos acreditam que haverá um convite para que eles participem do centro inter-religioso.

[b]Ministério Público afirma que é seu papel proteger manifestações afro-brasileiras
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O MP citou uma lei federal (nº 12.288/10) que assegura “a participação proporcional de representantes de religiões de matrizes africanas em comissões, conselhos, órgãos e outras instâncias de deliberação vinculadas ao poder público”, muito embora a Vila Olímpica seja um espaço gerido por entidades privadas, como o Comitê Olímpico Internacional.

A promotoria também apontou um artigo da Constituição que diz ser papel do Estado proteger “manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras”.

Já a defensoria afirmou que é importante que o comitê inclua “as religiões de matriz africana para criar um ambiente de convivência entre atletas das mais variadas religiões e prestigiar o pluralismo decorrente da liberdade religiosa”.

Antes da recomendação, o Comitê Rio-2016 já tinha dito que atenderá atletas de qualquer fé e que a escolha das cinco doutrinas que terão “sacerdotes-plantonistas” no centro se baseou em pesquisas históricas com participantes dos Jogos – essas seriam as religiões da imensa maioria dos esportistas.

[b]Organização diz que nenhum atleta será discriminado
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O centro já foi montado em outras edições das Olimpíadas. O local terá sacerdotes das cinco doutrinas escolhidas, e eles trabalharão em esquema de plantão para atender atletas e celebrar rituais. O coordenador será o padre Leandro Lenin, da arquidiocese do Rio.

Em contato com a reportagem, a assessoria de imprensa da Rio-2016 reafirmou que nenhum atleta de qualquer religião será discriminado.

Seguidores de outras doutrinas poderão fazer uma solicitação para que um líder seja convocado à Vila Olímpica. Segundo o comitê, a coordenação do centro já está preparada para fazer a convocação desses outros sacerdotes, o que aconteceria sem maiores dificuldades.

[b]Fonte: UOL[/b]

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