Milton Ribeiro pediu exoneração do cargo de ministro da Educação hoje (28). A saída foi publicada em edição extraordinária do Diário Oficial da União por volta das 16h40.
Ele entregou pedido de exoneração ao presidente Jair Bolsonaro (PL) após o suposto favorecimento de pastores na distribuição de verbas do ministério.
O ministro estava sendo pressionado por evangélicos para deixar o cargo desde semana passada. Neste final de semana, uma carta de afastamento de Milton foi redigida por um aliado de Bolsonaro e de pastores evangélicos. Hoje, foi assinada por Ribeiro e divulgada (leia a íntegra no final da matéria).
Ribeiro esteve no Planalto no início da tarde e conversou pessoalmente com Jair Bolsonaro (PL). Em princípio, ele deve ser substituído por Victor Godoy, secretário-executivo do MEC, que até hoje era o número dois na pasta e atuava como braço-direito do ministro.
Auxiliares do presidente afirmaram que inicialmente foi estudada a possibilidade de Ribeiro se licenciar do cargo, mas foi decidido pela exoneração —no texto oficial, consta que a saída foi “a pedido”.
Apesar disso, nas palavras de um auxiliar direto do presidente, após a sua defesa, Ribeiro poderia retornar ao comando do MEC “com mais tranquilidade”.
Em carta que circula entre parlamentares, atribuída a Ribeiro, ele nega irregularidades e diz que não se despede do ministério. “Direi um até breve, pois depois de demonstrada minha inocência estarei de volta, para ajudar meu país e o presidente Bolsonaro na sua difícil mas vitoriosa caminhada”, afirma o texto.
A saída acontece uma semana após a divulgação de um áudio em que Ribeiro afirma que o governo federal prioriza a liberação de verbas a prefeituras ligadas a dois pastores. Sem cargos, os líderes religiosos atuam em um esquema informal de liberação de verbas do MEC, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. “Foi um pedido especial que o Presidente da República [Jair Bolsonaro] fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar [Santos]”, diz o ex-ministro na gravação.
Leia íntegra da carta de afastamento:
Desde o dia 21 de março minha vida sofreu uma grande transformação. A partir de notícias veiculadas na mídia foram levantadas suspeitas acerca da conduta de pessoas que possuíam proximidade com o Ministro da Educação.
Tenho plena convicção que jamais realizei um único ato de gestão na minha pasta que não fosse pautado pela correção, pela probidade e pelo compromisso com o erário. As suspeitas de que uma pessoa, próxima a mim, poderia estar cometendo atos irregulares devem ser investigadas com profundidade.
Eu mesmo, quando tive conhecimento de denúncia acerca desta pessoa, em agosto de 2021, encaminhei expediente a CGU para que a Controladoria pudesse apurar a situação narrada em duas denúncias recebidas em meu gabinete. Mais recentemente, em _, solicitei a CGU que audite as liberações de recursos de obras do FNDE, para que não haja duvida sobre a lisura dos processos conduzidos bem como da ausência de poder decisório do ministro neste tipo de atividade.
Tenho três pilares que me guiam: Minha honra, minha família e meu país. Além disso tenho todo respeito e gratidão ao Presidente Bolsonaro, que me deu a oportunidade de ser Ministro da Educação do Brasil.
Assim sendo, e levando-se em consideração os aspectos já citados, decidi solicitar ao Presidente Bolsonaro a minha exoneração do cargo, com a finalidade de que não paire nenhuma incerteza sobre a minha conduta e a do Governo Federal, que vem transformando este país por meio do compromisso firme da luta contra a corrupção.
Não quero deixar uma objeção sequer quanto ao meu comportamento, que sempre se baseou em pilares inquebrantáveis de honra, família e pátria. Meu afastamento do cargo de Ministro, a partir da minha exoneração, visa também deixar claro que quero, mais que ninguém, uma investigação completa e longe de qualquer dúvida acerca de tentativas deste Ministro de Estado de interferir nas investigações.
Tomo esta iniciativa com o coração partido, de um inocente que quer mostrar a todo o custo a verdade das coisas, porém que sabe que a verdade requer tempo. Sei de minha responsabilidade política, que muito se difere da jurídica. Meu afastamento é única e exclusivamente decorrente de minha responsabilidade política, que exige de mim um senso de país maior que quaisquer sentimentos pessoais.
Assim sendo, não me despedirei, direi um até breve, pois depois de demonstrada minha inocência estarei de volta, para ajudar meu país e o Presidente Bolsonaro na sua difícil mas vitoriosa caminhada.
Brasil acima de tudo!!! Deus acima de todos!!!”
Com informações de UOL e Último Segundo