Pastor Milton Ribeiro, ministro da Educação
Pastor Milton Ribeiro, ministro da Educação

Alvo de uma investigação da Polícia Federal instaurada para apurar a suspeita de favorecimento na distribuição de verbas da pasta que ele comanda, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, deve pedir licença do cargo. A decisão deve ser tomada antes de quinta-feira, dia 31, data para a qual está agendado o seu depoimento à Comissão de Educação e Cultura do Senado para explicar as denúncias de que dois pastores evangélicos cobravam propina de prefeitos para ajudá-los a destravar verbas no ministério.

Pessoas próximas a Ribeiro dizem que ele está muito abalado com as denúncias e magoado com a falta de apoio de antigos aliados. Além da pressão do meio político vinda de líderes do Centrão, Ribeiro teria ficado abatido principalmente com os apelos de integrantes da bancada evangélica para que ele se afaste do cargo.

Na madrugada desta segunda-feira, um dos principais nomes da frente religiosa, o deputado Marco Feliciano (PL-SP), fez um pedido direto ao ministro para que se licencie da pasta, o que, segundo ele, vai estancar a “sangria” do povo evangélico.

“Ministro Milton Ribeiro, quando o senhor precisou, em sua indicação, eu o defendi. Quando errou empregando esquerdistas, eu o repreendi. Hoje peço, por favor, se licencie até o término das investigações, pois nós, evangélicos, estamos sangrando. Sendo provada a inocência, retorne ao cargo”, declarou Feliciano, nesta segunda-feira (28).

Posteriormente, o pastor reiterou seu pedido, mencionando dessa vez a saúde do próprio ministro, além do bem-estar de sua família e do governo do presidente Jair Bolsonaro.

“Caro ministro Milton Ribeiro, por sua saúde emocional, por sua família que deve estar sofrendo, por nós evangélicos, que estamos sendo triturados, pelo presidente Jair Bolsonaro, que em um ano tão importante está sendo arrastado para essa história estranha, não retarde seu licenciamento”, acrescentou.

O que Feliciano falou explicitamente tem sido defendido nos bastidores por lideranças evangélicas, como o presidente da bancada, deputado Sóstenes Cavalcante, o pastor Silas Malafaia, e o ex-senador Magno Malta. Além disso, nenhum representante do segmento com expressão chegou a se manifestar publicamente em apoio ao mandatário do MEC.

Silas Malafaia cobra investigação

Outro aliado do presidente Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (Advec), também se pronunciou sobre o caso. Em vídeo nas redes sociais na última sexta-feira (25), ele cobrou que as autoridades façam uma investigação profunda das acusações. O líder cristão disse que os pastores evangélicos não encobrem “seus ladrões e corruptos”.

Malafaia ainda afirmou presumir a inocência do ministro da Educação, Milton Ribeiro, mas cobrou “transparência máxima possível”.

“O ministro da Educação, por ele ser pastor e ter dois pastores envolvidos, ele tinha que ser mais claro e veemente. Não basta ser honesto, tem que provar que é honesto. Não estou fazendo acusações ao ministro da Educação. Por enquanto, ele tem comigo a presunção da inocência, mas achei fraca a sua argumentação”, pontuou.

André Mendonça

Um dos principais padrinhos políticos de Ribeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça também tem se mantido distante de Ribeiro e o tratado com frieza – os dois são pastores da mesma denominação evangélica, a Igreja Presbiteriana.

Desde que o escândalo veio à tona, os líderes evangélicos passaram a defender uma espécie de “saída honrosa” do ministro. Por esse plano, ele deixaria a pasta para se defender e, se as investigações concluírem que ele é inocente, retomaria depois o posto. Nesse meio tempo, quem comandaria a pasta seria o secretário-executivo do MEC, Victor Godoy.

Com informações de UOL, Último Segundo e Pleno News

Comentários